sexta-feira, março 09, 2018

Vila Nova de Famalicão: o Epicentro Cultural

          Pertencente ao distrito de Braga, Vila Nova de Famalicão é visto como a porta de entrada no Minho. A sua localização privilegiada confere-lhe o estatuto de roteiro principal quando é necessário “cruzar caminhos”, motivando desde tempos ancestrais a passagem e presença de povos e civilizações que por lá deixaram marcas das suas riquezas e culturas.
            Terra do conhecimento e da cultura, Vila Nova de Famalicão é também a terra do escritor Camilo Castelo Branco. Foi em S. Miguel de Seide que o romancista escreveu algumas das mais belas páginas da literatura portuguesa, e é lá que se mantêm as suas memórias na casa-museu de Camilo, local que concentra uma referência Cultural Portuguesa.
          A cidade aposta na preservação e valorização do património histórico-cultural, de que são exemplos o Centro de Estudos do Surrealismo, o Museu de Bernardino Machado, o Museu da Indústria Têxtil e o Museu Ferroviário de Lousado. A riqueza patrimonial de Vila Nova de Famalicão revela-se também através dos raros e belos exemplares da arte românica, de que as igrejas do Mosteiro de Arnoso, igreja do Mosteiro de Landim e igreja de S. Tiago de Antas são o expoente máximo. Mas Famalicão é também uma terra do presente e, sobretudo, do futuro, destacando-se pelo dinamismo da sua política cultural, nomeadamente através da programação contemporânea da Casa das Artes. Este espaço é bastante procurado pelos turistas que passam pela cidade, não só pela sua arquitetura única mas também por reunir projetos artísticos e culturais de grande dimensão nacional. Deste modo, Famalicão assume a cultura como um polo de atração turística.
            A cidade, distinguida pelo INE em 2016 com a melhor balança comercial do país, o que se prende com a forte capacidade produtiva e industrial do concelho, é uma paragem obrigatória para quem viaja à procura de turismo industrial. Vila Nova de Famalicão reúne importantes e potenciais clusters industriais em setores estruturantes para a economia nacional e local sendo sede de algumas das maiores e mais conceituadas empresas a produzir em Portugal, como a  incontornável Continental Mabor (a 4.ª empresa mais exportadora do país), a ROQ  (empresa mais rentável entre as produtoras de bens), as Coindu, Leica, AMOB, Riopele, Primor, Porminho, Gabor, Salsa e Tiffosi, entre tantas outras. A notada a presença de grandes empresas na cidade originou a criação do projeto “Rota do Têxtil na Bacia do Ave”, com o objetivo dos turistas conhecerem e contactarem com o processo produtivo das empresas têxteis. Assim sendo, o roteiro tornou possível atrair e cativar turistas, sendo atualmente, o turismo industrial também importante no desenvolvimento socioeconómico da região.
            Outro ponto de interesse é a maravilhosa gastronomia desta cidade. Famalicão tem desenvolvido uma forte aposta na promoção da Gastronomia local e tradicional, nomeadamente através da organização de um vasto conjunto de iniciativas, de que são exemplos a Quinzena da Gastronomia, a Feira de Artesanato e Gastronomia, o Congresso Internacional de Gastronomia e a edição do Roteiro Gastronómico de Famalicão. A afirmação de Vila Nova de Famalicão como destino gastronómico de excelência pode ser comprovada através do restaurante “O ferrugem”, que alcançou a distinção de melhor restaurante de 2017 pela publicação “ Vinho Grandes Escolas”. Neste lugar, em que a criatividade se conjuga com a tradição, uma cozinha inovadora, sensível e personalizada, é já uma referência indispensável para os turistas que passam pela cidade e apreciam uma boa refeição.
            Estes aspetos fazem de Vila Nova de Famalicão uma cidade com um rico e diversificado património cultural, que se mostra como a principal atração turística da cidade, não esquecendo a importância da presença têxtil, assim como da gastronomia, que mostram a diversidade da cidade e que esta é um local agradável para visitar.

Fábio Castro

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

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