segunda-feira, março 12, 2018

O Turismo Criativo

O mercado de turismo procura cada vez mais a descoberta de novos horizontes em um universo em que os clientes são cada vez mais exigentes, informados, aventureiros e sempre preocupados com a recompensa do seu investimento financeiro. Hoje, o turismo é uma indústria de tendências para experiências mais genuínas e autênticas. A UNESCO considera atualmente este turismo como uma forma de nova geração para a realização do turista/consumidor, aonde têm que se adequar os comportamentos, as administrações dos destinos, o consumo e a gestão fora dos paradigmas tradicionais (do turismo). O turismo criativo nos traz uma visão de vida melhor e embeleza a riqueza das nossas explorações.
Portugal mostra muitos santuários como a dos violinos em Espinho, a alguns quilômetros do Porto, um fantástico trabalho da família Capela, iniciado em uma oficina familiar, especializada na construção e reparação de instrumentos de cordas. É uma trajetória de reconhecimento internacional e dá origem à formação do Quarteto Capela de Lisboa como homenagem.
É por lá que se mostra a sabedoria como se faz um violino, com o conhecimento de escolas de construção, como a França e a Itália. É uma visita que não se pode perder.
A rota da Filigrana, criada em Gondomar, a 8 Km do centro do Porto, mostra um território conhecido pela ourivesaria, história estruturada pela relação Homem-oficina-ouro.  A trajetória do artesão começa cedo, por volta dos seus sete anos de idade, onde se aprende a mexer nos primeiros fios de Filigrana, arte tão típica de Portugal. É um verdadeiro domínio de transformar fios tão finos e pequenos em belíssimas peças. E a valorização do trabalho das mulheres, as enchedeiras, que preenchem as peças, porque são mais delicadas e perfeccionistas para este trabalho tão exigente.
O Turismo Criativo, de que vamos falar futuramente muito sobre este tema, é uma das idéias mais interessantes quando estamos visitando um destino e a aprender os pormenores da cultura local. Pintar o seu próprio azulejo, aprender a fazer o pão castrejo em Castro Laboreiro, ter a experiência da produção vínica da rota dos vinhos e o conhecimento do fantástico mundo das cortiças e rolhas são algumas experiências da visão de turismo como algo maior.
Esta nova forma e modelo de turismo vai demandar uma participação mais presente dos agentes locais e o reconhecimento da criatividade como ferramenta para a atração dos destinos de turismo cultural, e a oferta de novas oportunidades de envolvimento aos turistas e visitantes.
De vários estudos realizados acerca deste tema, os resultados indicam ainda um longo caminho para se percorrer, com planejamentos e estratégias mais estruturadas focadas no desenvolvimento do turismo Criativo, embora a implementação de modelos já em vários destinos nacionais seja a aproximação do crescimento desta forma de turismo.

Gilberto Demoro

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

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