terça-feira, fevereiro 27, 2018

Vizela aliada ao ´Slow Tourism`: rumo ao turismo sustentável

O século XXI caracteriza-se por um rápido crescimento e consumo excessivo por parte da população. Como resultado, é cada vez mais comum encontrar territórios descaraterizados, onde a sustentabilidade está comprometida.
Sustentabilidade?  É um termo usado para definir ações e atividades humanas que visam satisfazer as necessidades atuais dos seres humanos sem comprometer o futuro das próximas gerações. Ou seja, é um conceito que está diretamente relacionado com desenvolvimento económico e material, usando os recursos naturais de forma eficiente para que eles se mantenham no futuro.
O Relatório Brundtland levanta questões relativas ao futuro sustentável e, a partir da sua apresentação, surgiu o movimento “slow”, no final da década de 90, em Itália. Quatro cidades decidiram criar uma associação para o desenvolvimento sustentável dos territórios e das comunidades, com orientação para o conceito de “slow living”. As pessoas são convidadas a desacelerar o ritmo, aprender e desfrutar do conhecimento do passado, das tradições, ao mesmo tempo que promovem a economia e preservam o ambiente e o futuro das gerações. 
Segundo dados do Pordata, 74,3% da população europeia realizou viagens para países estrangeiros no ano de 2015, e em média, são feitas 2 viagens por ano por cada habitante europeu. No ano de 2016, o turismo mundial cresceu 3,9%. Estes são indicadores que nos levam a perceber que o setor do turismo se encontra realmente em expansão e que as preocupações relacionadas com a sustentabilidade são bastante pertinentes.
Em Portugal, o conceito de ´Slow Tourism` é relativamente recente e são poucas as cidades que detêm o título de Cittaslow. Vizela é uma delas.
Vizela é um município que pertence ao distrito de Braga. Tem cinco freguesias e cerca de 23 736 habitantes. Encontra-se delimitado por Guimarães, Lousada, Santo Tirso e Felgueiras. A cidade de Vizela é de pequena dimensão, possui o título de “Rainha das Termas” e beneficia com a proximidade de Guimarães.
A cidade recebeu a classificação Cittaslow no ano de 2011. Esta distinção prova que Vizela aposta num turismo de qualidade. As principais atrações da cidade são as Termas, que possuem águas termais com caraterísticas únicas no mundo, no entanto a doçaria (Bolinhol), a gastronomia (Frango Merendeiro), o vinho verde e os equipamentos de lazer merecem também o devido destaque. O Parque da Cidade permite contactar com a natureza e praticar atividade física, pois tem um campo de mini-golfe, um “ginásio” ao ar livre e um centro de mergulho.
A grande maioria dos visitantes estrangeiros são de origem espanhola e procuram sobretudo os tratamentos das águas termais. Os mesmos ficam alojados na Pensão ou Hotel das Termas. Habitualmente, chegam à cidade em excursões de autocarro. No entanto, muitos portugueses passam vários dias na cidade de forma a poder realizar igualmente tratamentos com as águas termais.
Segundo Abel Cardoso, arquiteto da Câmara Municipal, o impacto do ´Slow Tourism` na cidade não é imediato, pois há apenas um nicho de turismo que procura as Cittaslows. Para além disso, este é um tipo de turismo que ainda se encontra em expansão em Portugal e que apresenta um grande potencial.

Paula Magalhães

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

Levadas da Madeira: 3000 Km de natureza por explorar

O arquipélago da Madeira é único pelas suas extensas levadas, localizadas na ilha da Madeira e, em menor número, na ilha do Porto Santo. As levadas são canais artificiais que permitem o transporte de grandes quantidades de água, cuja construção na ilha da Madeira teve início no século XVI, recuando aos primórdios da sua colonização. Muitos destes canais foram criados ainda antes das primeiras estradas! De facto, uma das profissões mais antigas da ilha é a do levadeiro, que é o responsável por controlar o caudal das levadas.
Originalmente, as levadas surgiram com o propósito de redistribuir a água das serras no Norte da ilha, onde o recurso era abundante, para o Sul. Para alcançar esse objetivo perderam-se muitos dos homens que arriscaram as suas vidas trabalhando em penhascos e fazendo túneis que atravessassem as rochas, com a devida inclinação para que a água fluísse em direção ao seu destino, ligando o mar às montanhas. Por ser de clima húmido, a vertente Norte tinha então potencial para abastecer o soalheiro Sul da ilha, onde não só se encontrava a maior parte da população como também das plantações. Os canais vieram fornecer água para regar as plantações de cana-de-açúcar, de banana e ainda de vinha, que mais tarde originaria o emblemático Vinho Madeira. As levadas mais recentes foram construídas por volta de 1940 e, além de cumprirem a função de sistemas de irrigação, também fornecem água para as centrais hidroelétricas.
No presente, estes trilhos espalhados pela ilha têm uma extensão total de cerca de 3000 km e são elementos importantes da oferta turística da Madeira, destacando-a no setor do turismo de natureza. As levadas podem ser percorridas a pé, resultando numa atividade relaxante e recompensadora, que permite que os visitantes descubram paisagens incríveis ao longo das suas caminhadas. Tais passeios são muito populares entre os visitantes e até mesmo os residentes da ilha, por proporcionarem um contacto direto com a natureza e por cada levada oferecer uma experiência única, dada a diversidade de trajetos existentes. Estes trilhos são, por vezes, as únicas vias de acesso a locais isolados, que oferecem uma beleza natural incomparável e, sem dúvida, merecem a visita.
Por meio das levadas podemos aceder à alma da ilha, desde as montanhas à floresta Laurissilva. Esta floresta pré-histórica é a maior do mundo do seu género e possui uma vasta biodiversidade na sua fauna e flora, tendo sido classificada como Património Natural da Humanidade pela UNESCO.
As levadas estão integradas em áreas protegidas, destacando-se o Parque Ecológico do Funchal e o Parque Natural da Madeira. Sendo propriedade pública, encontram-se acessíveis a todos, contudo, recomenda-se que os visitantes levem equipamentos adequados e tomem em consideração os diferentes graus de dificuldade e de extensão associados às várias levadas, aquando da escolha do percurso a realizar. O principal ponto fraco consiste em que, apesar de todas as medidas de cautela transmitidas aos visitantes por diversos meios, existe sempre algum perigo associado a estas atividades.
Outro tipo de percursos pedestres existentes são as veredas que, embora não sejam acompanhadas por canais de água, também oferecem o prazer de descobrir as paisagens madeirenses. Os percursos mais desafiantes atravessam túneis e quedas de água e alguns chegam mesmo a passar pelos picos mais altos da ilha, o Pico Ruivo e o Pico do Areeiro, atingindo altitudes até os 1862 metros. Alguns dos percursos preferidos e mais procurados pelos visitantes são: a levada do Rei, a levada das 25 Fontes, a levada do Caldeirão Verde, a Vereda Pico do Areeiro-Pico Ruivo e a Vereda Ponta de São Lourenço.
No fim de contas, tanto através das levadas como das veredas, é possível apreciarmos o que de melhor a natureza da Madeira tem para nos oferecer e é importante que tomemos medidas para preservar estes patrimónios regionais, para que as gerações futuras também os possam vir a apreciar.

Ana Raquel Sousa de Azevedo

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

segunda-feira, fevereiro 26, 2018

O potencial do Enoturismo em Portugal

A paisagem singular das encostas do Vale do Douro, de características xistosas, vem produzindo, há quase dois mil anos, um vinho excepcional que transpassa o mero dom da natureza, transformando-se em um patrimônio cultural português onde acumulam-se o trabalho coletivo, as experiências, saberes e arte de muitas gerações. Além de ser um produto chave para economia nacional, a produção do Alto Douro Vinhateiro é também uma expressão de Portugal para o mundo.
 São constantes as descobertas arqueológicas de lagares e vasilhame vinário, como as recém reveladas pela pesquisa no Vale de Mir, em Alijó, que remontam ao sec. I d.C., de produção romana, testemunhando a antiguidade da cultura nessa região. No período medieval, com a instalação de diversas ordens religiosas, principalmente a dos monges de Cister, houve um grande avanço na qualidade, produção e venda do vinho, que era feita exclusivamente pelo rio Douro até à foz em Gaia e no Porto. Os mosteiros de Salzedas, S. João de Tarouca e S. Pedro das Águias são exemplos dessa produção, que se espalhou por toda a região do Alto Douro Vinhateiro e hoje abre-se a novas potencialidades, tais como o Enoturismo.
A oferta do Enoturismo no norte de Portugal, nomeadamente na Região Demarcada do Douro, destacada como a mais antiga região vinícola demarcada do mundo (a designação de vinho do Porto surgiu na segunda metade do séc. XVII, diante da expansão da cultura e das exportações) e reconhecida como Património Mundial pela UNESCO, vem crescendo a cada ano, segundo dados da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e de entidades internacionais tais como a World Tourism Organization – UNWTO, órgão das Nações Unidas.
A Associação das Rotas do Vinho de Portugal elaborou um estudo que contou com a colaboração de cerca de 260 unidades de Enoturismo, estimando um total de 2,2 milhões de visitantes em 2016. Já no Grande Porto foram registrados cerca de 1 milhão de visitantes/ano nas Caves do Vinho do Porto, em Gaia, consideradas hoje uma das maiores atrações turísticas dessas cidades.
Através de estudos apresentados pelo Turismo de Portugal, IP., ainda que não tenha havido um crescimento uniforme, 84% das empresas de Enoturismo inquiridas nesta pesquisa afirmaram que a procura aumentou, fazendo com que a base de recepção tenha sido ampliada não apenas no que diz respeito uma ampla abordagem dos produtos (provas de vinho (32%), visitas guiadas às instalações (28%) e visitas guiadas às vinhas (16%) como também na ordenação geral da oferta gastronômica, de hospedagem e dos bens culturais. Mais da metade dos turistas é nacional (54%), mas também houve um crescimento dos turistas internacionais provenientes do Reino Unido, França, Brasil, Espanha, Alemanha e EUA.
Foram identificados pelo Turismo de Portugal, IP., mais de 250 adegas, 850 quintas produtoras, 76 caves, 1200 produtores, além dos museus do vinho e as aldeias vinhateiras, e é imprescindível ressaltar que boa parte do sucesso do Enoturismo em Portugal deve-se às 11 Rotas dos Vinhos existentes atualmente, que desempenham um papel fundamental no desenvolvimento dessa atividade turística.
Para coroar esse crescimento, a publicação norte-americana Wine Spectator, uma das mais prestigiadas revistas na área, considerou em seu ranking dos 10 melhores vinhos do mundo o Dow’s Vintage Porto 2011 como o melhor vinho do mundo em 2014, obtendo um score de 99/100, além de colocar outros dois outros vinhos da região do Alto Douro (Chryseia Tinto 2011 e o Quinta Do Vale Meão 2011) no Top 10 mundial.
Representando um dos melhores produtos nacionais, o Enoturismo tem todo o potencial latente para ser uma das maiores riquezas do país e preservar sua história, tradições e patrimônios como uma força conjunta para o desenvolvimento econômico e social de Portugal.

Maria de Lourdes Ferreira Calainho

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional”, no curso de Mestrado em Patrimônio Cultural do ICS, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

Turismo de Voluntariado: pode ajudar Portugal a renascer das cinzas?

Ninguém terá ficado indiferente às imagens que no último ano e, particularmente, as que no trágico dia 15 de outubro entraram pelas nossas casas adentro, através das televisões e dos feeds das redes sociais. Esta foi a segunda situação mais grave de incêndios, depois de Pedrógão Grande, em junho de 2017.
Segundo os dados do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), os fogos em Portugal queimaram mais de 400 mil hectares de floresta e povoamentos, de janeiro a outubro, o que corresponde a quatro vezes mais do que a média registada nos dez anos anteriores.
Num ano marcado por mais de uma centena de mortes resultantes dos incêndios, a imagem de insegurança e devastação inviabiliza a dinamização dos distritos afetados enquanto destinos turísticos, uma vez que houve perdas materiais com a destruição parcial ou completa de empreendimentos turísticos e de diversas atrações turísticas, como os percursos pedestres. Por outro lado, também o receio que se fez sentir pelos turistas após estas catástrofes traduziu-se na queda das reservas hoteleiras nas zonas afetadas pelos incêndios. Logo a seguir à tragédia de 17 de junho em Pedrógão Grande, as pessoas cancelaram em massa as férias ou escapadinhas que tinham planeado para aquela zona. Perplexas com os números, impressionadas com o custo em vidas humanas, houve um trauma generalizado.
Os prejuízos dos incêndios florestais interromperam, desta forma, o ritmo de atração de turistas ou visitantes na região. Para que as repercussões sejam minimizadas, é urgente devolver aos mercados a confiança no país. Este trabalho passa pela promoção, mapeamento de áreas seguras e o desenvolvimento da arte de bem receber, permitindo acelerar a recuperação das terras e das gentes, bem como a confiança de potenciais visitantes. A devastação dos locais afetados afasta o turismo mas a criação de atrativos turísticos em torno dos desastres naturais permite potenciar de forma rápida a sua recuperação.
A realidade é que a paisagem negra que impera no centro do país impõe uma recuperação imediata e, até à sua reflorestação. O território só é possível de ser visitado caso se altere o paradigma turístico e se aposte na visita solidária.
No meu ponto de vista, apostar no turismo de voluntariado em tempo de catástrofe nacional é legítimo e necessário. Promover e incentivar o turismo de voluntariado pode ser inclusive uma forma de acelerar a recuperação das paisagens e devolver a esperança a estas populações.
Agora, passado o choque, há que pôr mãos à obra e continuar a ajudar quem precisa. É por isso que hoje, fazer turismo no centro do país, é também um ato solidário. Todos temos de contribuir para que a zona renasça das cinzas.


Cátia Margarida Pereira Caldas

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

sábado, fevereiro 24, 2018

Ilha da Madeira como melhor destino insular do mundo

No ano transato, a ilha da Madeira foi considerada o melhor destino insular do mundo pelos World Travel Awards, para além de que este prémio já tinha sido atribuído à região em 2015 e em 2016. Mas os prémios não ficam por aqui. Esta, já recebeu, nos últimos anos, 4 prémios de melhor destino insular da Europa referentes a 2013, 2014, 1016 e 2017.
         A questão é o que é que a Madeira tem de especial para receber premiações de elevada categoria durante vários anos? Como residente, posso afirmar que a ilha tem bastantes particularidades; diria até que é uma caixinha de surpresas. Isto porque podemos usufruir de um misto de sensações dependendo dos gostos de cada um, desde o comer o bolo do caco com manteiga de alho até à descida nos carros de cesto realizada no Monte (desde a degustação à adrenalina).
Para além do famoso bolo do caco com manteiga de alho, a gastronomia típica da ilha tem como especialidades a espetada feito no pau de louro, a carne de vinho e alhos, o milho cozido, entre outras iguarias de comer e “chorar por mais”.
         Além da comida, podemos contemplar paisagens deslumbrantes. Pelo facto de ser uma ilha, não é muito difícil ver o mar de onde quer que estejamos, para além da existência de lindíssimos roteiros, quer sejam marítimos, onde é possível ver golfinhos, quer sejam em levadas, para os mais aventureiros e que gostam de apreciar a natureza, desde lagoas, florestação, e até cascatas (por exemplo, o “risco” no Rabaçal).
A região contém dois picos considerados dos mais altos de Portugal, que são o pico do Areeiro e o pico Ruivo, superando os 1800 metros de altitude, lugar onde, por vezes, podemos estar acima do nível das nuvens.
         Outro aspeto, já mais virado para os amantes de futebol, é a existência do museu do Cristiano Ronaldo e a sua estátua na avenida Sá Carneiro (junto ao porto do Funchal, onde também podemos observar a grandiosidade dos cruzeiros que por ali passam).        
Para além de todas as experiências que se pode viver na ilha, ainda temos a tranquilidade e principalmente o clima tropical. Todos estes fatores aqui expostos retratam apenas algumas experiências da aventura ou descanso que qualquer turista almeja experimentar, segundo as suas preferências.
Com isto, retrato a ilha naquilo que considero ser os pontos de maior distinção turística em comparação com outros destinos, face à diversificação de experiências que podem ser vividas na chamada pérola do Atlântico.

Diogo José Sousa Teixeira

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

segunda-feira, fevereiro 19, 2018

Japão: porque não?

O país do sol nascente é conhecido e adorado mundialmente por vários motivos, e não faltam razões para o visitar. Desde a maior cidade do mundo, até aos milhares de ilhas paradisíacas encontram-se os maiores contrastes entre o modernismo e o tradicional, entre a tecnologia de ponta e a formidável natureza, tudo convivendo na maior harmonia e dinâmica possível.
Graças à sua localização e a ampla extensão vertical do país, origina um alto contraste sazonal, proporcionando uma grande singularidade a cada estação do ano. Isso torna o Japão um destino viável ao longo de todo o ano, no entanto a melhor altura para visitar o arquipélago é sem dúvida a primavera (devido à vantagem de ser palco da famosa sakura – o período em que as cerejeiras começam a florir) e no outono, pelas suas temperaturas amenas e famosos jardins japoneses de cores irresistíveis. Nos meses mais quentes é a altura dos grandiosos desfiles e festivais de verão, fogos-de-artifício, e é uma ótima época para visitar as infinitas praias e as célebres ilhas de Okinawa. O inverno é perfeito para os amantes dos desportos associados a essa estação, para os famosos festivais de inverno com as suas esculturas em gelo, ou apenas para relaxar numa das infinitas águas termais. Além do vantajoso clima e natureza, o Japão também é destino para os amantes de gastronomia, artes marciais, história, cultura, religião e arte asiática ou pela mundialmente conhecida arquitetura japonesa, tanto nos antigos templos e castelos nipónicos como nos presentes edifícios mais modernos. Segundo a UNESCO, o país é anfitrião de 21 sítios ou monumentos classificados como Património Mundial (4 naturais e 17 culturais), ocupando o 12º lugar na lista dos países com mais património classificado pela UNESCO.
No entanto, apesar destas vantagens, o país apenas recentemente decidiu apostar no turismo. É de referir que desde os primórdios o Japão foi um país muito fechado ao resto do mundo, pois, aquando da chegada dos portugueses, construíram uma ilha artificial destinada a realizar o comércio expressamente para não desembarcarem na sua terra. Além disso, o facto de ser a 3ª economia mundial permitiu ao país independência económica face ao turismo. No entanto, com as recentes crises económicas e demográficas, e a grande estagnação dos países desenvolvidos, surgiu a necessidade de encontrar alternativas económicas, havendo uma crescente preocupação em apostar mais do que no turismo de negócios. Assim, segundo a Japan National Tourism Organization (JNTO), nos últimos cinco anos, o número de turistas estrangeiros mais do que triplicou, chegando aos 28,7 milhões em 2017, encontrando-se no topo dos 20 países mais visitados. Os turistas internos tiveram um comportamento regular, andando à volta dos 17 milhões ao longo da última década. Este balanço é positivo, uma vez que o objetivo do Governo em relação ao turismo para 2020 (20 milhões de turistas) foi ultrapassado em 2016, aumentando agora essa meta para 40 milhões de visitantes estrangeiros.  Em relação aos gastos dos turistas, a meta também foi atingida 4 anos antes, pelo que o novo objetivo é chegarem aos 8.000¥ mil milhões (60,6€ mil milhões) em 2020. Segundo a Japan Tourist Agency, em 2017 esses gastos chegaram aos 4.400¥ mil milhões (33,3€ mil milhões), o que torna o alvo bastante viável.
Este sucesso do turismo deve-se em parte à desvalorização do yen japonês, mas não podemos descartar as fortes políticas do governo do primeiro-ministro Shinzo Abe, que também colocou o turismo no coração de sua estratégia de crescimento económico. A liberalização dos vistos de turista para visitantes chineses, e a acessibilidade de países não muito populares (como, por exemplo, a Bielorrússia) são alguns dos fatores importantes. As infraestruturas também não ficam atrás, uma vez que o Japão possui uma das redes ferroviárias mais eficazes do mundo e, em relação às telecomunicações, o plano é aumentar o número de 14 mil pontos de acesso público à internet via wi-fi, em 2017, para 30 mil, em 2020, informou o jornal The Japan Times. Assim, o objetivo final do governo é atingir gradualmente um nível de infraestruturas adequado e sustentável aquando da sediação dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2020. Antes desses grandes eventos, o país ainda receberá a Copa do Mundo de Rugby, em 2019.

Lucian Cristian Lipciuc

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

domingo, fevereiro 18, 2018

Turismo Religioso: uma bênção para Portugal?

Hoje em dia, Portugal não é um país que passa despercebido no mapa-múndi. Desde as suas praias e paisagens incríveis até à vasta herança histórica, cultural e religiosa que o país tem para oferecer, Portugal foi considerado um dos países mais atrativos da Europa e, quem sabe, até mesmo do Mundo.
A variedade e quantidade de experiências oferecidas pelo nosso país ajudou na criação de diferentes tipos de turismo que, um a um, contribuem de forma notória para a economia nacional.
O turismo religioso tem vindo a marcar a diferença perante outros standards de turismo e revela-se em ascensão desde sempre. Único, na medida em que a motivação dos viajantes é simplesmente a fé. A busca da espiritualidade e a prática religiosa movimentam milhares de pessoas todos os anos, dos mais variados cantos do mundo, em prol de uma devoção nunca antes vista. Este tipo de turismo baseia-se essencialmente nos calendários santos das localidades recetoras, associando-se a este conceito as romarias, festas, peregrinações, visitas a locais históricos, encontros e concentrações de natureza religiosa.
Em muitas culturas, a religião desempenha um papel fundamental na construção de valores e no comportamento de cada um e, por isso, é um ponto de análise relevante para a economia. Num contexto voltado para o catolicismo, é possível identificar algumas práticas na Europa muito conhecidas, como é o exemplo da peregrinação à Terra Santa em Itália, a romaria a Santiago de Compostela na Espanha e, sem esquecer, as famosas visitas a Fátima em Portugal. O Santuário de Nossa Senhora de Fátima é dos locais mais procurados a nível mundial uma vez que possui vários pontos de interesse turístico para os visitantes: descoberta das ermidas, capelas, museus, grutas e rota das catedrais. É também um contributo indispensável para a internacionalização dos serviços nacionais.
Assim sendo, verifica-se que de facto existe uma relação consistente e significativa entre a religião e a expansão económica. O Turismo Religioso tem um impacto positivo não só na economia mas também na qualidade de vida dos habitantes locais. De realçar ainda que promove a preservação e diversidade das condutas religiosas e convencionais entre os diferentes povos.
Num contexto mundial, estudos apontam que a religião move aproximadamente 330 milhões de pessoas por ano, originando receitas de 15 a 18 mil milhões de euros. Em Portugal, este género de turismo representa cerca de 12% do turismo total e alcançou recordes a nível de dormidas e de receitas: as agências de viagens são as primeiras a responsabilizar-se pelo planeamento de peregrinações e romarias. Toneladas de cera são queimadas todos os meses, já para não falar das pousadas, hotéis e outras moradias que se enchem de visitantes. O impulso consumista gerado por este tipo de eventos alegra os comerciantes. É um fenómeno nacional, que mesmo centrado no Santuário de Fátima, prolonga-se por todo o país.

Bruna Macedo Ferreira

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2017/2018)

quinta-feira, fevereiro 01, 2018

"Initiatives of Creative Tourism in Urban and Rural Territories", 11-14 June 2018, Athens: call for papers


A Stream on “Initiatives of Creative Tourism in Urban and Rural Territories”
as part of the 14th Annual International Conference on Tourism 11-14 June 2018, Athens, Greece Sponsored by the Athens Journal of Tourism

https://www.atiner.gr/touter