sábado, abril 08, 2017

Um ponto de vista sobre o mundo rural em Portugal

Em Portugal, as áreas rurais ocupam a maior parte do território nacional, representando mais de 80% do território, e o turismo é a atividade que proporciona maior desenvolvimento rural. No entanto, estas zonas ainda apresentam algumas debilidades a nível demográfico, económico, de infraestruturas e de oferta de serviços.
É certo que devemos também preservar os valores da cultura e do património ambiental e, em simultâneo, reduzir os contrastes entre as duas tipologias existentes: as áreas urbanas e as áreas rurais. Existem aspetos potenciadores do desenvolvimento rural, como o património arqueológico, natural e paisagístico, que assumem facilmente as caraterísticas de riqueza e diversidade.
Outros aspetos potenciadores de desenvolvimento são os baixos níveis de poluição e o “saber-fazer tradicional”, que dificilmente é encontrado nas zonas urbanas, onde a indústria assume esse papel de forma exaustiva. Para tal contribui, igualmente, a crescente procura de produtos de qualidade e as atividades de lazer associadas às paisagens rurais, excluindo de forma saudável o retângulo de 55 polegadas, a epidemia do “pescoço do SMS”, da geração cabeça baixa e das radiações eletromagnéticas.
O turismo rural funciona como uma demonstração das tradições e dos valores da sociedade rural, aglomerados num conjunto de atividades e serviços de alojamento que permitem valorizar a genuinidade regional, através da gastronomia, dos costumes e das paisagens.
Na minha opinião, o agroturismo é o tipo de turismo rural que se transforma numa experiência mais enriquecedora para o turista, isto porque permite observar, aprender e participar em tarefas como a vindima, a apanha da fruta, a desfolhada, a ordenha, o fabrico do queijo, do vinho e do mel e, ao mesmo, tempo usufruir de um ambiente calmo, acolhedor e de intercâmbio cultural.
A verdade é que em 2015, segundo o Jornal Expresso, existiam 1406 famílias que queriam trocar a cidade pelo campo, isto é, que se queriam mudar para o interior do país, em busca de um maior nível de bem-estar e descontração, tentando fugir ao stress citadino. Entretanto, 112 famílias, com um projeto de negócio economicamente sustentável, criaram o seu próprio negócio no interior, onde a concorrência é relativamente pequena e a ruralidade se tornou numa oportunidade para mudar de vida.
Hoje, viver de forma ecológica e em respeito pelo meio ambiente ganhou ainda maior importância com o aparecimento em Portugal do primeiro hotel rural ecológico na Europa, junto à Serra do Caramulo. A Quinta dos Bispos, com categoria de alojamento zen, é um local onde se pratica a agricultura biológica e onde se utilizam painéis solares. Com uma filosofia sensibilizada por questões de sustentabilidade ambiental, a Quinta dos Bispos é a terceira unidade hoteleira portuguesa a ser distinguida com o Rótulo Ecológico Europeu. Mas ainda existe muito caminho pela frente para uma renovação de mentalidades do que é realmente a responsabilidade social e ambiental.

Filipa Cibrão Ribeiro

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, leccionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/2017)

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