domingo, abril 09, 2017

TripAdvisor, um conselheiro de viagens

Numa geração tecnológica, onde saber trabalhar com computadores telemóveis e tablets se transformou numa habilidade básica, a necessidade dos setores de atividade se incorporarem nas redes sociais de forma a acompanhar a expansão do mercado, tornou-se vital para a sua sobrevivência.
O setor do turismo é um dos mais influenciáveis pelas informações que circulam online e pelas novas tecnologias. Estes mecanismos de divulgação tornaram-se cruciais para os gestores de empresas/organizações de forma a acederem mais facilmente ao mercado.
As redes sociais de viagens mudaram a forma como os turistas planeiam os seus itinerários. Estas redes permitem que os utilizadores avaliem os hotéis e os locais turísticos e partilhem essas informações com toda a comunidade cibernauta.
O TripAdvisor é atualmente o maior e mais influente site de viajantes, abrangendo mais de 212.000 hotéis, 30.000 destinos, 74.000 atrações por todo o mundo e 5.000.000 membros registados. Mas o que é o TripAdvisor? É um ­site que tem como ideia base a confiança dos viajantes nas opiniões de outros viajantes, planeando assim os seus próprios itinerários. Os utilizadores podem avaliar e discutir sobre destinos, hotéis, restaurantes, pontos de atração e transportes, partilhando componentes de multimédia (fotografias, vídeos) e mapas de viagem.
Neste site (e aplicativo) o turista pode criar uma rede de pessoas que estiveram no mesmo destino, conseguindo assim ter um acesso mais rápido às sugestões, opiniões e conselhos.
Uma pesquisa feita em 2007 pela Indústria Europeia de Hotéis e Restaurantes concluiu que 80% dos consumidores do Reino Unido pesquisavam online o hotel onde pretendiam ficar antes de o reservar, e cerca de metade desmarcava a sua reserva como consequência de más avaliações no TripAdvisor.
Um estudo de Miguéns, Baggio e Costa (2008) revelou que o desenvolvimento destas plataformas online levou a que os turistas reservassem, cada vez mais, os hotéis por esta via. Esta mudança traçou uma nova concorrência e fomentou o desenvolvimento de novos modelos de negócio para hotéis. Foi constatado também, que as escolhas dos turistas têm em conta os rankings e as opiniões difundidas nos fóruns (locais virtuais onde se encontram perguntas específicas sobre o destino).
Ainda neste estudo concluiu-se que Lisboa, a capital portuguesa, tem um número muito baixo de hotéis em sites de viagens (apenas 191 no TripAdvisor), em contraste com outras capitais, como Paris, que apresenta 4.249 hotéis online. Isto pode representar uma fraqueza na estratégia de marketing online. Apesar disso, quando exploramos estes hotéis no site, é possível ler vários conselhos dos residentes sobre os mesmos, bem como sugestões de visitas, demonstrando um interesse por parte dos lisboetas na receção de turistas. Este fenómeno merecia uma maior atenção e incentivo por parte da autoridade do turismo local.
Os autores do estudo salientam ainda a importância dos proprietários e gestores dos hotéis reconhecerem o papel deste tipo de redes sociais, com a necessidade de desenvolverem esforços para expandir o uso das plataformas online a fim de melhorarem sua posição no mercado.
Num século em que tudo está à distância de um clique, na minha opinião é fundamental acompanhar o desenvolvimento destas tecnologias, utilizando-as como aliadas na divulgação do nosso país. Para finalizar, considero que existem três fatores que concorrem para o sucesso do desenvolvimento do turismo em Portugal: os incentivos provenientes das autoridades responsáveis; um investimento da hotelaria nas plataformas digitais; e um suporte e conhecimento técnico adequados para que esta estratégia seja aplicada da forma mais eficiente.

Beatriz Fernandes

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, leccionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/2017)

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