terça-feira, março 14, 2017

O Turismo em Vila Praia de Âncora

Como se sabe, em Portugal o Turismo é parte integrante do crescimento económico português. Um bom exemplo disso é a costa litoral portuguesa, nomeadamente as praias do Alto Minho e as pequenas vilas que são dinamizadas, principalmente, pelo comércio.
            Não existindo qualquer festival internacional de renome no litoral do Alto Minho, a não ser o NEOPOP, em Viana do Castelo, um festival de música eletrónica que consegue arrecadar cerca de 4 milhões de euros para a economia do distrito, anualmente, ou então as Festas da Nossa Srª da Agonia, também em Viana do Castelo, que consegue trazer milhares de pessoas nas suas comemorações, nenhum evento em particular consegue dinamizar as três vilas da frente marítima, que dependem, principalmente, da época balnear.
            Apesar das três terem um comportamento similar quanto ao Turismo, optei por focar-me naquela de maior dimensão, Vila Praia de Âncora. Como se sabe, o fluxo migratório português para França, Suiça e mesmo para os EUA ou Canadá, logo depois da Revolução dos Cravos, deixou em Portugal apenas as gerações mais velhas que, quer do Porto, quer de Braga, quer mesmo de Trás-os-Montes, sempre passaram a época balnear na dita “Praia das Crianças”, que assumiu sempre um estatuto prestigiante como uma das melhores praias do País.
            A verdade é que estes emigrantes trabalham em grande maioria em empregos de setor primário e secundário, tendo a possibilidade de usufruir das suas férias e de passar tempo com a sua família entre 15 de Julho e 15 de Setembro. Se Vila Praia de Âncora tem, ao longo do ano, cerca de 6 mil habitantes, vê a sua população ser multiplicada em três vezes com o regresso dos emigrantes na época balnear, em que já existiram domingos de Agosto em que o registo foi de 40 mil pessoas em Vila Praia de Âncora.
            Economicamente, as empresas apostam tudo no Mês de Agosto, altura em que quer os estabelecimentos de restauração quer os estabelecimentos de comércio registam cerca de 70% dos seus ganhos anuais, valores absolutamente surreais se compararmos com o resto do ano.
            Trata-se assim de mais uma Vila que sobrevive essencialmente do turismo e que em tempos que a sua praia não apresentava bandeira azul viu a sua adesão à época balnear ser bastante reduzida. Felizmente, esses tempos já passaram.

Rui Morais Barroso

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/2017)

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