quinta-feira, maio 01, 2014

“Em Portugal, há mar e mar, há ir e voltar”

As motivações «Sol e Mar» continuam a ser as predominantes da procura turística, daí que seja nos meses mais quentes que o país seja mais procurado pelos turistas e o número de dormidas nos estabelecimentos hoteleiros aumente. Sendo nos meses de Junho, Julho, Agosto e Setembro que se registam os valores mais elevados da ocupação dos estabelecimentos hoteleiros. 
Apesar da elevada procura deste produto turístico, esta procura restringe-se a um curto período de tempo. A sazonalidade é uma das principais características do turismo e Portugal não foge à regra. Apesar dos esforços que se têm feito no sentido de atenuar esta característica, a verdade é que ainda não se encontrou soluções eficazes para atenuar os seus efeitos.
Será importante apostar na divulgação de outros locais e não apenas do Algarve, como âncora para o crescimento e amadurecimento de outros produtos: turismo residencial, turismo de saúde e bem-estar. Uma vez que este produto está muito limitado pela sazonalidade, é importante apostar em produtos complementares para atrair e conquistar os turistas. 
A título de exemplo, refiro a criação de mais resorts no Algarve e em outros pontos do país, que estão integrados em destinos conhecidos de «Sol e Mar», visto que muitos turistas procuram o descanso e o relaxamento, sendo a meu ver vantajoso incorporar a prática de atividades que não requerem muito esforço como uma forma lúdica e atrativa de relaxamento e descanso físico e mental (como é o exemplo do Ioga, da prática de golf e da navegação em embarcações confortáveis, etc.). Para tal, será necessário identificar a existência de condições naturais, materiais e ambientais que garantam a satisfação da necessidade/motivação de relaxamento e descanso.
Este produto poderá ser mais explorado e dinamizado, atraíndo ainda mais turistas ao nosso país. Para tal, é importante criar mais condições em locais ainda pouco divulgados e com muitas potencialidades por explorar (a nível de empreendimentos turísticos e rede de infraestruturas, entre outras), apostando também em segmentos de mercado diferentes dos habituais, como é o caso da população sénior. Assim, penso que Portugal deveria aproveitar as oportunidades com o objetivo de aumentar a rentabilidade criada pelo turismo «Sol e Mar», modelo de turismo que se encontra atualmente em fase de esgotamento em outros países do mundo.
Somos da opinião que muito mais haverá a fazer para que Portugal se torne uma referência a nível Europeu e internacional no destino «Sol e Mar».
 Em primeiro lugar, é necessário apostar na requalificação das zonas costeiras e paisagem (principalmente a nível de obras de requalificação nas praias mais afetadas pelo mau tempo), melhorar a oferta de hotéis (qualidade/preço) e restaurantes de qualidade, melhorar as acessibilidades e rede de infra-estruturas e reforçar a segurança nas praias, de maneira a que o turista se sinta mais seguro. 
Em segundo lugar, seria interessante a realização de um vídeo promocional onde fosse destacada a beleza e características peculiares de todas as praias portuguesas e não só das mais emblemáticas, com o objetivo de posicionar e promover Portugal como um destino de «Sol e Mar» entre o público-alvo. O desenvolvimento de um folheto informativo sobre as atividades oferecidas em combinação com o produto «Sol e Mar», opções de alojamento, ofertas especiais, entre outras, onde a divulgação seria feita diretamente em feiras e agências de promoção de Portugal. No mesmo sentido, iria o desenvolvimento de uma área específica do produto «Sol e Mar» no portal do Turismo de Portugal, de forma a fornecer toda a informação relativa ao sector e interligar os links às páginas relevantes, criando um sistema de reservas uniforme.
Justifica-se também a criação de uma rede de intermediários de viagens especializados na oferta do produto turístico «Sol e Mar», que servirá como referência para a comercialização e promoção de mercados emissores.
Assim, pelo que acabo de referir, este produto turístico ainda poderá ser bastante aproveitado e explorado pelos agentes económicos.

Ana Isabel Ferreira Fernandes 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo” do curso de Mestrado em Economia Social, da EEG/UMinho]

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