domingo, março 23, 2014

A ação do empreendedorismo como força impulsionadora na economia

O tema empreendedorismo tem sido constantemente considerado como objeto nas mais diversas áreas das ciências humanas, na economia, administração, psicologia, sociologia, entre outras. 
O empreendedorismo é abordado de diversas formas ao longo destes últimos anos e por diversos autores. Pensa-se ter sido o economista Richard Cantillon a abordar este conceito pela primeira vez. 
No início do século XX, muitos economistas definiam o empreendedorismo de forma mais restrita, associando-o à inovação e ao desenvolvimento económico.   
Pode-se dizer que o empreendedorismo é uma das mais importantes dinâmicas e forças, capaz de alterar o contexto económico atual. Contudo, esta componente de pesquisa – empreendedorismo – é muito recente, tendo as suas bases teóricas e empíricas ainda em fase de construção, uma vez que surgem novos parâmetros e estudos todos os dias. 
Para Freire, 2001, a larga abrangência de interesse sobre o empreendedorismo indica um vasto campo de conhecimento ainda sem contornos nítidos, o que dificulta uma definição precisa do termo.
Ainda, segundo Freire, 2007, a cada dia que passa mais e mais pessoas se convencem de que o capital humano é um dos principais fatores do desenvolvimento, e que um dos principais elementos do capital humano é a capacidade das pessoas fazerem coisas novas, exercitando a sua imaginação criadora – o seu desejo, sonho e visão – e se mobilizando para adquirir os conhecimentos necessários, capazes de permitir a materialização do desejo, a realização do sonho e a viabilização da visão. Isto tem um nome: chama-se “empreendedorismo”.
Para GEM (Global Entrepreneurship Monitor), o empreendedorismo é “qualquer tentativa de criação de um novo negócio ou nova iniciativa, tal como emprego próprio, uma nova organização empresarial ou a expansão de um  negócio já existente, por um individuo, equipa de indivíduos, ou negócios estabelecidos” (GEM, 2010, p.4). 
O empreendedorismo está sempre ligado à inovação e depende da liberdade das pessoas para criar e da sua ousadia de inventar algo.
Quando falamos em empreendedorismo, significa que estamos a comprometermo-nos ou a iniciarmos algo e a energia e o vigor que despendemos para realizar o que desejamos. Ser empreendedor seria, nessa conceção, uma pessoa com capacidades de produzir resultados desejados e efetivos, numa determinada área ou em várias áreas da atividade humana. Contudo, no mundo dos negócios o empreendedorismo torna-se mais abrangente e está relacionado com diversas temáticas, não só da capacidade de criar e gerir empresas. 
Efetivamente o empreendedor é uma pessoa com elevada criatividade, sem deixar de lado a capacidade de estabelecer e atingir objetivos e metas bem delineadas, para atingir o sucesso, vendo a mudança como um princípio salubre, sendo essa mudança procurada incessantemente, visto como uma oportunidade a não perder.
O empreendedor não é só aquele que tem capacidade para criar e gerir uma empresa com sucesso, mas também pode ser um empregado que propõe e pratica inovações numa determinada empresa, que pode ocasionar o surgimento de valores positivos adicionais. 
O espírito empreendedor surge ligado à prática e à disciplina, tomando decisões sobre obter e usar recursos, mas sempre consciente dos riscos e recompensas que pode ter. O empreendedor desenvolve grande atividade, ocupa a maioria do seu tempo a resolver problemas, sendo que a confiança, auto-estima e segurança são fatores que contribuem para o êxito dos resultados pretendidos e devem ser uma caraterística marcante na personalidade do empreendedor.
De um modo geral, o empreendedorismo por necessidade tende a ser mais elevado entre os países em desenvolvimento, visto que, nesses países, as dificuldades de inserção no mercado de trabalho são maiores, levando, consequentemente, as pessoas a buscar e/ou criar alternativas de ocupação (KARAM, 2002). 
O fenómeno do empreendedorismo surge como uma epidemia benigna, reduzindo o impacto do desemprego. No entanto, muitas das empresas criadas em condições desfavoráveis mostram-se frágeis e não conseguem sobreviver, [...] aproximadamente metade dessas empresas morre ou desaparece antes de completar o segundo ano de vida (VANIN, 2005).
É de salientar que a escolaridade do empreendedor é considerado um fator com influencia no sucesso ou fracasso nos seus negócios, assim como a sua experiência prévia, ou seja, quando o empresário teve a oportunidade de trabalhar, sobretudo, como empregado, noutra empresa semelhante, antes de abrir o seu próprio negócio, as oportunidades de obter o sucesso são maiores.
Logo, “Empreendedorismo” é um fator chave da economia de qualquer país. A iniciativa de indivíduos que desenvolvem e empreendem ideias contribui para que a economia se estruture, cresça e consolide, criando riqueza e gerando empregos. O empreendedor deveria ser por todos os aspectos o centro de atenção das instituições de uma sociedade. Apesar de haver uma suspeita por muito tempo de que isso é verdadeiro, pouco se fez de concreto para realmente compreender esse fenómeno, e avaliar a extensão de sua contribuição para o desenvolvimento económico, tecnológico e social de um país.
 – acedido em 20 de março de 2014.
No seguimento daquilo que foi referido anteriormente e a obedecer a um contexto económico atual, o município da Póvoa de Lanhoso promove várias iniciativas e projetos que se prendem, sobretudo, com o empreendedorismo. Neste sentido e porque os dias em que se vive hoje são de extrema exigência e luta por uma melhor qualidade de vida, já se percebeu que uma boa formação académica não é suficiente para garantir à partida um posto de trabalho, hoje em dia, cada vez mais tem de haver  um esforço enorme para encontrar a solução mais adequada para nos garantir qualidade de vida. [...] “Ao longo dos últimos anos, a autarquia tem direcionado parte do seu trabalho para estimular a criação de emprego e tem efetuado um investimento fortíssimo na educação dos nossos jovens”. Para além de vários projetos, como é exemplo o Territórios_In, a autarquia tem valorizado o papel da sua escola profissional bem como tem investido fortemente no primeiro ciclo do ensino básico” (Batista, 2013). 
Afirmou ainda Manuel Baptista (2013), presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso que, contudo, “a formação apenas não chega. É por ter esta certeza que temos feito um enorme esforço para captar investimento para o nosso concelho. É por ter essa certeza que criámos o fundo Mais Póvoa, que ajuda e apoia pequenos projetos de investimento. É nessa convicção que hoje, quase diariamente, apoiamos jovens agricultores na organização dos seus projetos e candidaturas. Nós temos de acreditar que o futuro será melhor que o presente. Eu não tenho dúvidas de que se se empenharem terão sucesso nas vossas carreiras profissionais”.
Neste sentido, os jovens devem ser chamados à participação numa empresa – no sentido de empresa-empreendimento – para que possamos sair da crise o mais rapidamente possível, não só nós mas a toda a Europa e até quase todo o mundo.

Elisabete Araújo 

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho) 

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