terça-feira, abril 02, 2013

Os produtos tradicionais e as suas potencialidades

Os produtos tradicionais têm vindo a sofrer, ao longo dos tempos, uma maior valorização por partes dos consumidores. Estes produtos tradicionais podem ser de uma diversidade imensa, que vão de produtos alimentares ate peças de artesanato.
A valorização dos produtos tradicionais e locais tem vindo a ser feita para que estes não sofram as consequências do abandono, ou seja, não corram o risco de serem esquecidos e o seu modo de confecção não seja esquecido, sendo que dessa forma a tradição do produto não é posta de parte, mas também que este produto se mantenha ligado à sua terra, não se dispersando por outros territórios, para não perder a sua qualidade local.
Muitas vezes estes produtos são perdidos por desinteresse neles por parte dos jovens, em que os mais idosos é que conhecem as técnicas e estas não são passadas de geração em geração, levando assim à perda do produto mais facilmente. Para além destes elementos, temos ainda a legislação que muitas vezes vem dificultar a venda dos produtos tradicionais, não só por estes serem confeccionados, muitas vezes, em casa de particulares, alegando assim falta de cuidados de higiene, mas também porque estes não são vistos como bens por partes desta.
Com a possibilidade de perda dos produtos tradicionais, estes têm vindo a ser um forte alvo de interesse, não só pelos consumidores, mas também pelos produtores,  em que muitas vezes são os jovens que procuram manter vivas estas tradições. 
Apesar dos produtos tradicionais e locais serem importantes para o reconhecimento das regiões, pela existência destes elementos únicos, estes não são um forte factor de empregabilidade, uma vez que a taxa de emprego nos que diz respeito a estes produtos não é significativa, bem como o seu rendimento, que por vezes e quase inexistente.
A venda destes produtos pode ser efectuada de diferentes formas, como a venda directa aos consumidores finais nos locais de produção, venda directa, sobretudo aos consumidores finais, em mercados de retalho, venda para estabelecimentos comerciais, venda em feiras especializadas.
Para além disto, estes produtos têm uma particularidade, uma vez que são de origem tradicional e muitas vezes a sua confecção é feita tradicionalmente e com produtos de elevado preço, que é o produto final acabar por ter um valor de venda elevado, levando os consumidores a comprar produtos mais baratos e de menor qualidade. Com isto, os produtos tradicionais são pouco comprados pelos consumidores, não pela sua qualidade, mas muitas vezes pelo seu preço de venda.
Actualmente, os produtos tradicionais e locais são vistos como um factor de desenvolvimento, uma vez que estes são crescentemente procurados, principalmente pelos turistas e visitantes,  a título de recordação dos locais que visitaram ou então para  provarem a gastronomia local, sendo que desta forma sempre que virem ou ouvirem algo sobre esse elemento reconheçam a origem deste. Um forte potencializador destes bens e produtos é a existência de feiras internacionais e gastronómicas que levam estes produtos a diversos consumidores que um dia mais tarde podem vir à procura do local de origem destes, levando assim a uma dinamização económica dos locais.
Para além dos produtos alimentares, temos vinda a assistir ao crescimento do interesse pelas tradições regionais, relativamente a trajes existentes ou a tradições de procissões, desfiles, festivais, etc. que já foram realizados e que ao longo dos anos cairam em desuso, e que agora estão a ser recuperados para não serem totalmente esquecidos ou abandonados. Com a realização destes eventos, a população local é atraída para participar e para assistir, mas quem não é da região também tem interesse de assistir a estes eventos, e assim são reconhecidos os valores destes.
Um exemplo recente deste tipo de eventos é a “Semana Santa” em Braga que, apesar de não ter caído em desuso e, pelo contrário, se realizar todos os anos, é um evento que atrai a população do concelho, mas também turistas que se deslocam só para poderem assistir a este evento que acontece uma vez por ano, na altura da Páscoa.
Como podemos ver, os produtos são elementos que podem trazer desenvolvimento local, mas também atrair diversas pessoas que valorizam a existência destes produtos e tradições, mas que, ao mesmo tempo trazem movimento económico às regiões onde são realizados ou mantidos.

Ana Rita Costa

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

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