quinta-feira, janeiro 26, 2012

Os Municípios que se tornam ´capitais`

            Tem sido hábito dos municípios portugueses afirmarem-se como sendo uma Capital. De norte a sul do país, cinquenta e três dos trezentos e oito municípios assumem-se como entidades de referência. São vários os elementos que os distinguem dos demais congéneres, desde a sopa de pedra, ao barroco, passando pela cutelaria, leitão, vinho, mármore, entre muitos outros temas que fazem parte da identidade das Terras. Não obstante esta diversidade de factores, todos eles “perseguem” um mesmo objectivo: a captação de visitantes.
            Numa perpesctiva mais minuciosa, podemos salientar alguns factores que levam alguns municípios a afirmarem-se como Capital. Por um lado, são vários os acontecimentos históricos que permitem a afirmação nacional do município, nomeadamente o seu crescimento ao longo de décadas, incluse séculos, como é o caso da cidade de Coimbra, a Capital do Saber Português. Por outro lado, existem também aqueles múnicipios que procuram uma característica própria e invulgar susceptivel de os diferenciar dos demais, para assim se poderem evidenciar, adoptando medidas de promoçao do turismo específicas com o fim de atrair um número cada vez maior de visitantes, promovendo simultaneamente a atividade e o crescimento económico na localidade, como por exemplo  a Marinha Grande que é a Capital do Vidro, aproveitando a indústria local e criando um mudeu do vidro de forma a divulgar a produção local aos visitantes, conseguindo com isso captar mais clientes.
            Actualmente e, face ao que antecede, é possível associarmos determinadas localidades a algo que as identifique, por exemplo, Vinhai à capital do fumeiro, Mirandela à capital da alheira, Favaios à capital do moscatel, Felgueiras e Ponte de Lima à dupla capital do do vinho verde, Almeirim à capital da sopa de pedra, entre muitos outras, mas há também aquelas que surpreendem a maioria das pessoas pelo seu carácter invulgar, como é o caso de Linhares à capital do parapente.
Num ano em que a cultura, mais que nunca, está levar o nome do nosso país a vários cantos do mundo, não podemos deixar de fazer referência ao facto de termos, orgulhosamente, a Capital da Europeia da Cultura, Guimarães, e a Capital Europeia da Juventude, Braga, concentradas numa só região, mais concretamente, no coração Minho. Estes acontecimentos também contribuirão para a divulgação e promoção da atividade local, atraíndo à escala internacional inúmeros turistas.
            Imaginemos agora se cada município procurasse na sua terra e nas suas gentes um motivo de eleição para se intitular de capital. Tal tornaria, aos poucos e poucos, o nosso país mais competitivo, e contribuiria fortemente para a dinamização e comercialização dos produtos locais.
Havendo possibilidade e disponibilidade das entidades locais para a promoção da identidade de cada um dos seus municípios, o seu crescimento e visibilidade nacional e internacional seria maior bem como, constituiria uma medida de combate à desertificação e tentativa de coesão territorial.
Da mesma forma que, ao longo de décadas, ou mesmo séculos, as feiras locais serviram as populações trazendo vendedores com produtos importantes, por outro lado, também influenciavam as trocas comerciais entre agentes locais. Aproveitando esta ideia de que, em alguns casos, os vendedores externos vinham às localidades trazer produtos, a existência de localidades capitais de algum produto ou serviço implica o acontecimento contrário, passando a ser as gentes de fora da localidade a procurarem nesta produtos únicos. Com isso, as gentes locais beneficiam pois os grandes acontecimentos locais que promovem a divulgação da capital traz às localidades inúmeros visitantes, promovendo claramente o crescimento do comércio local.
Seria de todo importante que os municípios portugueses se concentrassem na promoção de produtos locais de forma a serem reconhecidos como Capital, atraíndo a sí o comércio e, consequentementepromovendo o crescimento económico. 
Manuel Mendes

Listagem das Capitais de Portugal:
- Almeirim: Sopa da Pedra 
- Alvaiázere: Chícaro (*) 
- Anadia: Espumante (*) 
- Armamar: Maça da Montanha 
- Barrancos: Presunto (*) 
- Bombarral: Pera Rocha 
- Bucelas: Arinto (*) 
- Braga: Barroco 
- Caldas da Rainha: Cerâmica / Comércio Tradicional (*) 
- Caldas das Taipas: Cutelaria (*) 
- Cartaxo: Vinho 
- Castelo de Paiva: Águas Bravas (*) 
- Celorico da Beira: Queijo da Serra (*) 
- Coimbra: Saber Português 
- Entroncamento: Comboio 
- Estremoz: Mármore 
- Favaios: Moscatel 
- Felgueiras: Calçado / Vinho Verde (*) 
- Ferreira do Zêzere: Ovo (*) 
- Fundão: Cereja 
- Golegã: Cavalo (*) 
- Linhares: Parapente 
- Lousã: Papel e Livro 
- Marinha Grande: Vidro 
- Marvão: Castanha 
- Mealhada: Leitão 
- Melgaço: Rafting (*) 
- Miranda do Corvo: Chanfana (*) 
- Mirandela: Alheira 
- Montemor-o-Velho: Arroz 
- Montijo: Porco 
- Moura: Azeite Alentejano 
- Óbidos: Chocolate 
- Olhão: Marisco 
- Ourique: Porco Alentejano 
- Paços de Ferreira: Móvel (*) 
- Paredes: Design (*) 
- Penacova: Lampreia (*) 
- Peniche: Onda (*) 
- Ponte de Lima: Vinho Verde 
- Portimão: Sardinha 
- Póvoa da Lomba: Caracol 
- Resende: Cereja (*) 
- Rogil: Batata Doce 
- Santa Luzia: Polvo 
- Santarém: Gótico 
- São Brás de Alportel: Cortiça 
- São João da Madeira: Calçado (*) 
- Valpaços: Folar 
- Vila Nova de Famalicão: Automóvel Antigo (*) 
- Vila Nova de Poiares: “Universal” da Chanfana / Artefacto e Gastronomia 
- Vila Pouca de Aguiar: Granito (*) 
- Vinhais: Fumeiro 
(*) Marcas registadas 


[Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Desenvolvimento e Competitividade do Território” do curso de Mestrado em  Economia, Mercados e Políticas Públicas (2º ciclo) da EEG/UMinho]

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