quarta-feira, dezembro 14, 2011

Turismo em Trás-os-Montes

No passado dia 12 de Novembro o secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, deslocou-se a Bragança, onde defendeu a importância da criação de uma imagem de marca para a região e para os produtos produzidos em Trás-os-Montes, de forma a cativar o exigente mercado externo. O governante referiu ainda que “Trás-os-Montes precisa de uma marca que seja visível e que identifique os símbolos da região, que não os símbolos tradicionais, são os símbolos de hoje, como a paisagem, o património, ou seja, a cultura e a natureza”. Na opinião de Francisco Viegas, a região tem a paisagem natural mais intocável do país, factor que poderá fomentar o turismo interno sendo um recurso que é preciso valorizar. Não poderia estar mais de acordo!
Trás-os-Montes e Alto Douro é uma região com grandes potencialidades turísticas devido às suas condições naturais únicas, à beleza das suas paisagens e ao seu riquíssimo património histórico, cultural e arqueológico. O contraste da paisagem onde se podem ver serras, terras férteis, rios e ribeiras ou monumentos históricos, fazem desta região um espaço natural encantador que convida ao repouso do olhar e não deixa indiferente a quem por ali passa. Um bom exemplo é o Parque Natural do Montesinho, um dos maiores parques naturais dos 12 existentes no país. Está situado no Nordeste Transmontano abarcando a parte norte dos concelhos de Bragança e Vinhais, que fazem parte da chamada Terra Fria Transmontana. Segundo a National Geographic, “nenhuma outra área protegida expressa tão bem o contraste das estações do ano como o Montesinho”. Entre tantos outros exemplos, destacam-se também as Termas de Carvalhelhos (de onde provém a conhecida água “Carvalhelhos”), a “Aquae Flaviae”1 romana que foi uma das mais florescentes cidades da Península - onde podemos encontrar, para além dos elementos romanos, dois fortes e um castelo que fizeram parte da história de Portugal, bem como as famosas Termas de Chaves - destacam-se também as inúmeras pontes romanas espalhadas por toda a região, o castelo de Bragança e o famoso dialecto “Mirandês” que pode ser encontrado em Miranda do Douro.
Nesta região, como em nenhuma outra do país, encontramos uma ampla variedade cultural aliada a um conceito de natureza “verde” e “puro”, onde o homem vive em quase perfeita comunhão com a natureza. É, portanto, uma região que merece ser divulgada e promovida nacional e internacionalmente, com vista a ser cada vez mais uma referência e preferência entre os turistas. O aumento do turismo nesta região beneficiaria não só a região como também o país, com a entrada de dinheiro vindo de fora, e na situação económica em que nos encontramos, Portugal precisa de se promover junto do exterior, exaltando o que de melhor tem.
Contudo, senhor secretário de Estado, não se estará a proceder de forma contrária nesta região, nomeadamente com o avultado preço pago nas auto-estradas que lhe dão acesso? Sim, porque um turista ao deparar-se com o dilema de pagar cerca de nove cêntimos por quilómetro na auto-estrada ou fazer uma viagem extremamente cansativa pela estrada nacional, demorando um largo número de horas a chegar, vai pensar duas vezes…em não ir! E todo o trabalho de promoção e divulgação da região para fins turísticos cai por terra, e o país “não sai do sítio”.

(1) Cidade de Chaves. Antigamente chamada de “Aquae Flaviae”.

Andreia Cunha

Fontes:

[Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3º ano do curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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