sexta-feira, dezembro 16, 2011

Recursos Humanos e Desenvolvimento Regional

Em Portugal verifica-se uma tendência gradual para o aumento do crescimento das grandes áreas urbanas. Tal facto verificou-se com a alteração das estruturas demográficas em virtude da persistência dos movimentos internos da população em direcção às cidades do litoral e às bacias de emprego existentes em torno daqueles centros urbanos, levando este agravamento das assimetrias regionais e espaciais a uma desarticulação progressiva entre territórios.
Um estudo efectuado às regiões NUTS II da UE mostra uma correlação positiva entre os níveis de educação mais elevados e o nível de rendimento per capita, i.e, quanto mais baixo o nível de educação mais baixa será a taxa de emprego. Assim, o investimento em capital humano impõe-se como fundamental para o desenvolvimento regional, mais ainda na era da globalização, onde a competitividade exige capacidade de actuação mas, simultaneamente, é geradora de oportunidades até então inacessíveis.
A formação de recursos humanos é vista como um dos pilares fundamentais da modernização humana, cultural, económica e social dos países. Para tanto terá contribuído o alargamento da rede de formação de ensino superior, universitário e politécnico, público e privado, que durante o último quartel do século XX se registou em todo o território nacional e que desempenharam um papel vital no apetrechamento e contínuo aperfeiçoamento das lideranças regionais capazes de romper o círculo vicioso do subdesenvolvimento interior.
Tendo presente o contributo do ensino superior, na formação de recursos humanos, parece fundamental realçar que esta acção é tanto maior quanto mais aprofundadas e orientadas forem as aprendizagens para as necessidades produtivas locais, contribuindo assim para a mobilização eficaz da totalidade dos recursos endógenos em cada região.
Portanto, para um desenvolvimento sustentado das regiões, importará reforçar não só a adequação dos cursos existentes ao tecido económico e produtivo regional mas ainda implementar a capacidade do sistema educativo para desempenhar um papel de relevo no processo de modernização humana, social e económica, agindo como elemento facilitador do processo de inovação empresarial e da atracção de novos habitantes.
Com a aproximação da escola ao mercado de emprego podem-se justificar os enormes investimentos em prol da educação e da formação com vista à satisfação das necessidades crescentes de mão-de-obra qualificada. No entanto, actualmente e ao contrário do esperado, tem-se verificado o encerramento de diversas escolas, tanto em localidades mais isoladas como nos grandes centros urbanos. Isto poderá levar ao aumento do abandono escolar, não sendo vantajoso para o desenvolvimento regional, dada a relação entre educação e o próprio desenvolvimento regional estabelecido anteriormente.
Paralelamente, a promoção da mobilidade dos diplomados contribuiria para uma deslocação do litoral para o interior, já que é de prever a fraca fixação dos jovens em áreas mais repulsivas ou dotadas de menores índices de crescimento económico e demográfico. Este facto leva-nos a colocar algumas reservas à capacidade destes territórios promoverem o seu desenvolvimento endógeno, a partir do aproveitamento dos recursos humanos (de nível universitário) e da fixação de diplomados oriundos dessas áreas ou mesmo de outras áreas de origem.
Embora existindo uma relação forte entre a educação e a economia, a educação não se assume como factor indispensável à sua acção, quer adequando a mão-de-obra ao sistema de emprego e tecnológico, quer socializando os comportamentos exigidos pelo sistema produtivo e pelo sistema de disfuncionalidades, como é o caso do desemprego.
O ambiente competitivo em que assenta, actualmente, o funcionamento das economias, exige ter em atenção o potencial de cada região, pelo que, a prestação de serviços públicos deve, pois, liderar/orientar os investimentos privados, no sentido de um melhor aproveitamento dos recursos existentes.

Cláudia Marília Vilariça dos Santos

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular Economia Regional do 3.º ano da Licenciatura em Economia da EEG/UMinho]

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