sexta-feira, outubro 28, 2011

Novo Hospital de Braga – bom até que medida?

O Hospital de Braga abriu portas em Maio de 2011 e até agora ainda dá que falar.
Resulta de uma parceria público privada com o objectivo de alargar os cuidados médicos a 1.2 milhões de pessoas de Braga e Viana do Castelo. Tinha um custo inicial estabelecido nos 1.019 milhões de euros sendo que na segunda fase do concurso público se conseguiu fixar o custo do novo Hospital de Braga em 794 milhões de euros. Instalado numa área de construção de 102000 m2 nas Sete Fontes, em S. Victor, possui 705 camas, 60 gabinetes para consultas e um parque de estacionamento com 2200 lugares, tudo isto com o objectivo de prestar melhores serviços médicos à população.
Mas até que ponto é que este novo hospital pode ser considerado como um factor de desenvolvimento para a cidade de Braga? Será que ao fecharem o “velhinho” Hospital de S. Marcos estavam a considerar a melhor solução possível para a cidade?
Certo é, que o centro da cidade perdeu alguma da sua vida e dinâmica. A restauração à volta do antigo hospital registou grandes perdas sendo que alguns dos cafés/restaurantes tiveram mesmo de encerrar, dado que o que os mantinha abertos era sem dúvida os funcionários e os utentes do Hospital de S. Marcos.
No que diz respeito aos acessos, será que o que se fez foi o melhor? Para quem não tem veículo próprio a TUB – Transportes Urbanos de Braga, EM, criou novas linhas que levam os utentes dos TUB até ao Hospital, sendo que implementaram ainda uma nova tarifa para quem apanha mais do que um autocarro no espaço de uma hora não tenha de pagar outro bilhete. Para quem possui veiculo próprio penso que o melhor não foi feito por eles. Só para termos uma noção mais concreta, a estrada nova que dá acesso ao Hospital é considerada os 700 metros mais caros de Portugal. Por metro, esta nova estrada custou 12 mil euros, tendo o custo total pelos 700m chegado aos 4.5 milhões de euros, o que se torna num valor astronómico. Chegando ao Hospital o utente com o veiculo próprio não tem outra solução senão colocar o carro no parque privado do hospital (já que os locais que davam para estacionamento foram bloqueados por “mecos”), pagando mais de tarifa do que nos outros parques privados da cidade. Os próprios funcionários têm de pagar cerca de 40 € mensais para colocar o carro no parque para irem trabalhar.
Sobre o funcionamento em si do Hospital, as condições médicas à primeira vista parecem melhores que as do antigo Hospital, mas vários relatórios de fiscalização comprovam que há condições que não estão a ser totalmente asseguradas, nomeadamente medicamentos que estão colocados fora dos frigoríficos, frigoríficos sem medidores de temperaturas (o que é perigoso para certos medicamentos que podem estar a temperaturas erradas), medicamentos sem rótulos, existência de resíduos médicos misturados com outros materiais médicos entre outros protocolos que não estão a ser compridos e que podem colocar em risco os utentes do hospital. A nível de equipamentos são melhores que os do antigo hospital mas em cerca de 6 meses já apresentam estragos.
Concluindo, este Hospital que custou perto de 800 milhões de euros tem capacidade para servir mais população mas tem perto de 200 camas a mais do que o antigo hospital, e tem certos equipamentos que segundo funcionários do hospital não são tão bons como os do antigo hospital. Acho sinceramente que a construção de um novo hospital não foi de todo a melhor solução para a cidade de Braga, acredito portanto que teria sido melhor terem apostado na remodelação do hospital antigo. Certamente teria saído menos custoso e também possivelmente não teria sido necessário ter-se procedido a tantos despedimentos. Por outro lado, o que aconteceu a toda a zona envolvente ao hospital de S.Marcos, não teria certamente acontecido. Mas agora o hospital já está construído por isso teremos de optar novas medidas para o seu bom funcionamento. Nomeadamente, fazer cumprir os protocolos de segurança, verificar se os doentes obtêm os cuidados necessários já que o número de enfermeiros foi reduzido drasticamente por exemplo durante a noite, tomar medidas no sentido de arranjar solução para o estacionamento sem ser nos parques pagos ou então fazer com que deixem de ser pagos uma vez que no local onde está instalado o hospital não há outra solução de estacionamento, e fazer uma gestão mais eficiente não olhando tanto aos custos mas aos cuidados de saúde a prestar aos utentes.

Margarida Rocha

[Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3º ano do curso de Economia da EEG/UMinho]

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