quarta-feira, junho 15, 2011

Pêra–Rocha, um Contributo para o Desenvolvimento Regional

É de uma forma inquestionável que a Pêra–Rocha do Oeste seja um produto que coloca a região Oeste no mapa das regiões de Portugal que mais tem desenvolvido no mercado externo, que tem tido nos últimos anos o reconhecimento Comunitário, como um produto tradicional, de qualidade e que faz parte integrante do Património Cultural Português. A Pêra–Rocha do Oeste DOP (Denominação de Origem Protegida) é uma variedade exclusivamente portuguesa, produzida na sua maioria na área Oeste de Portugal, em cerca de 10 000 hectares de produção. Para isso contribui os factores edafo-climáticos desta região, em que não obstante das inúmeras tentativas de experiência sobretudo no Brasil e Espanha, para aí produzir este especifico produto, o que foi conseguido mas com as características bem distintas, o que faz com que a Pêra-Rocha do Oeste seja única deste território.
Em média na última década, o mercado nacional consumiu cerca de 70% da produção, o restante 30% é destinado ao mercado internacional (ANP). Destes 70% as médias e grandes superfícies asseguram cerca de 65% do escoamento e a actividade industrial, sobretudo as marcas de sumos, asseguram cerca de 20% da produção. No mercado internacional, temos o mercado Comunitário (com os países da U.E) e o mercado com terceiros (fora da U.E), em que o Reino Unido e o Brasil têm sido os principais mercados de destino, quer sobretudo pela sua regularidade e pelas quantidades de consumo. Contudo a Irlanda e o Canadá, em quantidades inferiores, são mercados que se mantêm regulares, à semelhança do que está a acontecer com a França. Com os restantes países Comunitários, verifica-se uma relação de oportunidades, ou seja, podem constituir potencial interesse aquando das produções desses países são significativamente afectados, como é exemplo a Itália e Espanha. Nos países de Leste, sendo estes mercados objecto de cerca de 15% do produto exportado. A Rússia é um destino crescente da Pêra–Rocha (ANP).
Esta oportunidade de exportação para o mercado externo, teve início na década de 90 do século anterior, aproveitando a quebra da produção europeia em cerca de 30%. Para esta expansão consolidada tanto no mercado nacional como no internacional, contribui a fusão de empresas agrícolas para ganharem maior massa crítica e obterem economias de escala, na associação de pequenos produtores em cooperativas ou em sociedades por cotas para assim ganharem dimensão e poderem-se projectar no mercado. Esta projecção é também criada, pela geração de valor, pelo domínio dos circuitos de mercado, pelo incentivo na publicidade e marketing, como é exemplo da promoção do inicio da década de 90 com o apreço inglês por um fruto resistente e prático que cabe numa lancheira ou no bolso de um estudante ou na bolsa de uma empregada de escritório. Mas sobretudo pela inovação tecnológica, da constituição de câmaras de atmosfera controlada, que substituem as de frio, onde o produto é mantida sem oxigénio, podendo conservar-se durante muitos meses com as mesmas características de quando acaba de ser colhida.
Dados relativos ao último ano (2010) pela ANP (Associação Nacional de produtores da Pêra–Rocha), Portugal produziram 171 mil toneladas de Pêra–Rocha, em que 80 mil toneladas foram para o mercado internacional, em especial para o Reino Unido (27%), França (25%), Brasil (24%) e a Rússia com 5,4%. É desta forma que este produto deve ser um exemplo a seguir por outras regiões de Portugal, para que possam reinventar os produtos tradicionais, para que estes possam expandir no mercado nacional, mas sobretudo no mercado internacional, devido e aproveitando a necessidade do país aumentar a capacidade de exportação e assim diminuir o défice da balança comercial.

Miguel Moura
Bibliografia
Associação Nacional de Produtores de Pêra–Rocha (ANP) acedido em, consultado em 18 de Maio de 2011.
Noticia do Jornal Público, Vendas de pêra–rocha a crescer acedido em, http://www.perarocha.pt/custompages/showpage.aspx?pageid=899bd863-4a43-48a6-8bc9-46d5c9a6e552&m=b30, consultado em 19 de Maio de 2011.

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

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