terça-feira, maio 31, 2011

Equidade Territorial através do Desenvolvimento Policêntrico

As regiões de um sistema urbano normalmente não apresentam uma forma homogénea ou seja há disparidades em termos de desenvolvimento populacional, crescimento económico, acessibilidade a serviços públicos como educação, saúde, cultura, além de trabalho e outras oportunidades. Por conseguinte, há uma crescente mobilidade à procura de melhores alternativas.
Em muitos países as divergências em termos de desenvolvimento entre cidades dentro de um mesmo aglomerado urbano continuam, ainda em outros são maiores. Contudo, essa desigualdade é considerada improdutiva por vários países europeus. Para reverter essa inclinação é colocada em prática o que se pode ser chamado de desenvolvimento policêntrico. A nível da União Europeia, tem grande importância nesse contexto de desenvolvimento policêntrico e equidade territorial o acesso aos fundos estruturais. Esses fundos estão concentrados na recuperação das regiões com atrasos de desenvolvimento, na reconversão socioeconómica de zonas industriais, urbanas, rurais ou dependentes da pesca e nos sistemas de formação e na promoção do emprego.
As Estratégias de desenvolvimento policêntrico devem-se preocupar em prover iguais oportunidades e não paridade de resultados. As políticas de coesão territorial devem focar menos as regiões mais desenvolvidas, a fim de evitar disparidades ainda maiores, facilitando o desenvolvimento endógeno em regiões e cidades relativamente periféricas.
Contudo, a convergência económica a nível regional e nacional é também um dos objectivos das políticas da União Europeia, tendo sido criadas programas para promover o crescimento e a convergência das regiões menos favorecidas, diminuindo nesse caso as disparidades regionais.
Geralmente, as zonas da União Europeia mais frágeis são aquelas que se confrontam com o afastamento das grandes metrópoles, o despovoamento e o envelhecimento da população, carências de equipamentos e infra-estruturas, falta de diversificação económica devido ao peso excessivo que têm na agricultura, porque são zonas dependente das actividades agrícolas.
Mas, por outro lado, essas zonas rurais têm recursos e um alto potencial económico, sobretudo numa perspectiva de desenvolvimento territorial equilibrado e sustentável, contribuindo para o seu desenvolvimento endógeno. Vejamos o caso do norte alentejano: distingue-se no contexto regional pelo acentuado envelhecimento que caracteriza a sua demografia, pela desertificação e elevado desemprego, pelo progressivo e acentuado abandono dos espaços rurais a que tem vindo a ser sujeito nas décadas mais recentes, mas distingue-se pela existência de um conjunto de recursos e potencialidades endógenas que encerra. A riqueza dos seus valores culturais, históricos, patrimoniais e artesanais, associadas a uma atracção turística própria de um meio rural, fortemente preservada e de elevada qualidade, tornam o sector turístico num dos eixos estratégicos do desenvolvimento da região. O objectivo principal de qualquer política territorial é o desenvolvimento, no qual o crescimento assume importância essencial e instrumental. Em termos de metodologia das políticas, o desenvolvimento será um fim, o crescimento um meio.
O modelo de desenvolvimento policêntrico pretende, por isso, evitar uma concentração excessiva da população e do poder económico, político e financeiro numa única zona. Desenvolvendo uma estrutura urbana mais descentralizada, valorizará o potencial de todas as regiões europeias e contribuirá para a redução das disparidades regionais.

Célia Lopes

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

"Não servirá o exemplo para desculpar os erros de planeamento e de gestão que são patentes em muitas das nossas cidades"


(título de mensagem, datada de Terça-feira, 31 de Maio de 2011, disponível em Economia Portuguesa)

CHÃO URBANO, ano XI, nº 3

«Lançado o terceiro número sobre Desenvolvimento Regional

Já esta no site da revista o terceiro número sobre a temática do Desenvolvimento Regional em CHÃO URBANO ANO XI nº 3 maio-junho de 2011, com artigos de pesquisadores europeus, que completa a série da temática iniciada no nº 1 jan-fev de 2011.


(reprodução integral de mensagem de correio electrónico recebido, da entidade identificada)

“Um mundo de 7 bilhões é tanto um desafio quanto uma oportunidade”

Notícia Geodireito
Para ONU, população mundial chegará a sete bilhões em 31 de Outubro:
http://www.geodireito.com/Conteudo/Geojuridicas.asp?notCodigo=3826&acao=DetalheNoticia

sábado, maio 28, 2011

Crescimento regional e políticas de desenvolvimento regional

O parque natural da Serra Malagueta, na ilha de Santiago, Cabo Verde, tem recursos e atracções naturais muito próprias. Paisagens, ribeiras, geologia, flora, fauna, criou-se um projecto no âmbito das Áreas Protegidas, com o principal objectivo de preservar a biodiversidade, financiada pelas Nações Unidas e o Governo de Cabo Verde. Esse projecto visa aproveitar os recursos existentes na região de forma a possibilitar o desenvolvimento local, não excluindo a comunidade da região, ou seja, participam todas as pessoas, as instituições ou organizações e as tecnologias, aproveitando os recursos endógenos e exógenos através de contactos com o exterior para obter novos conhecimentos, apostando na inovação e no desenvolvimento, para o benefício da comunidade da Serra da Malagueta. Como é que com os recursos que a região pode oferecer podemos tirar proveito para o desenvolvimento duma região aonde a água para o consumo é uma raridade?

Parque Natural da Serra da Malagueta “de mãos dadas” com a sua comunidade para o desenvolvimento regional

O parque natural da Serra da Malagueta (ilha de Santiago) Cabo Verde, fica num dos pontos mais altos da ilha: cerca de 1000 metros de altitude, com a área cerca de 774 ha.
A Serra fica num ponto estratégico, no centro de três grandes municípios da ilha, Santa Catarina, São Miguel e Tarrafal, lugar de grande atracção turística (eco turismo). O parque da Serra é um lugar privilegiado para a educação ambiental e centro de pesquisa e investigação. É um dos ecossistemas florestais da montanha mais importantes do arquipélago de Cabo Verde. A área contém o maior número de plantas endémicas da ilha de Santiago (26), 14 das quais estão em vias de extinção.
O parque da Serra da Malagueta obteve o estatuto de parque natural (áreas protegidas) pelo decreto-lei nº3 de Março de 2003. Sendo que um parque natural implica um equilíbrio entre os recursos naturais e as comunidades beneficiárias, o Ministério do Ambiente e Agricultura, através do projecto financiado pela GEF (fundo global para o ambiente) / Nações Unidas, propôs medidas para gerar recursos para benefício da comunidade, aproveitando os recursos existentes: criar e gerir um sistema de áreas protegidas para conservar a biodiversidade de importância global, travar e reverter a degradação dos recursos ligados à água e à terra das áreas protegidas.
Nesta região actualmente através da captação da água das nuvens e dos nevoeiros, consegue-se reabastecer a comunidade e a escola local com água para o consumo doméstico. Pode-se dizer que esta é uma inovação para esta comunidade. Só há benefícios com esse tipo de projectos, pois o nevoeiro é a única fonte vital de água utilizada pela comunidade da Serra Malagueta. Este sistema inovador atrai muitos turistas e visitantes. Para eles, isso representa uma peculiaridade para se dar a conhecer. Quem sabe se assim outros países aderem ao mesmo projecto para o bem do ecossistema e da comunidade envolvente.
Ricardo Mendez (2002) procura mostrar que a inovação está ligada hoje em dia ao desenvolvimento local e regional e que este conceito tem vindo a ser utilizada em vários domínios. Há que apostar no local e na sua capacidade de inovação. No caso do parque natural da Serra foram implementados projectos inovadores, onde são aproveitados os recursos que a paisagem oferece para o bem da comunidade.
Para Oerlemans e Meeus (2005), para inovar é preciso ter capacidade de produzir novos serviços e produtos e que seja algo de que se possam colher frutos. A inovação proporciona o crescimento das instituições e consequentemente das pessoas e das regiões.
O Maillat, por sua vez, diz que o meio inovador é a organização do territorial onde nascem os processos de inovação.
É de louvar tipos de projectos como esse que foi implementado no parque da Serra Malagueta, pois está a ter bons resultados e a comunidade está a tirar proveito disso. Mas é importante frisar que há que ser feitas campanhas de sensibilização, através da educação ambiental. Não importa dar recursos sem mostrar como cuidar desses mesmos recursos e a melhor forma de tirar proveito desses mesmos recursos.
A cultura dessa região é muita rica: a forma tradicional da produção da aguardente “grogue”; o uso de plantas endémicas para medicina tradicional; formas de calcetar a estrada; danças com expressões corporais muito ricas. Tudo isso constituem produtos que devem ser bem explorados, permitindo participação racional e activa da população na gestão dos recursos e na criação de meios de subsistência.

Mónica da Silva

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

Acabarão por ser os cidadãos que pagarão

O que é particularmente curioso no caso de Coventry, cujo centro histórico mantém alguns edifícios e arruamentos com relevante valor estético-cultural, é a circunstância da cidade aparecer pontuada por prédios de grande altura e de gosto que não chega a ser duvidoso dada a má impressão que causam no visitante desde o primeiro instante. Esta realidade é tanto mais desconcertante quanto, na imediata vizinhança, se podem encontrar outros núcleos urbanos, Warwick nomeadamente, em que foi possível preservar a respectiva qualidade estética e é notório o cuidado que é dedicado às zonas envolventes, votadas ao lazer e ao desporto.
Falta-me a informação para ir mais longe na compreensão desta realidade contrastada. Porventura, lá como cá, farão diferença a formação e a postura dos actores políticos e a forma como os cidadãos sufragam ou não as políticas e os políticos. No presente ou no futuro, acabarão por ser os cidadãos que pagarão, de um modo ou de outro, os atentados que são cometidos contra as nossas cidades ou a economia do país, como é bem patente olhando para o cenário que Portugal vive nesta altura.

J. Cadima Ribeiro

quinta-feira, maio 26, 2011

"Wine Economics, AAWE Working Papers"

«Dear wine friends,
the American Association of Wine Economists (AAWE) just posted three new AAWE Working Papers on its website.
For free access, please click on the link provided below.

[...]

AAWE Working Paper No. 83 Business
João Rebelo and José Caldas

Please also check out the Journal of Wine Economics
In order to receive the Journal of Wine Economics (hard copy and online access) join AAWE.
You can sign up or renew your membership at http://wine-economics.org/membership/.
Best wishes,

Karl Storchmann»

(reprodução parcial de mensagem que me caiu ontem na caixa de correio electrónico, proveniente da entidade identificada)

"´A Floresta no Jardim` é o tema deste ano"

Notícia Correio do Minho
Ponte de Lima: Festival Internacional de Jardins abre amanhã:
http://www.correiodominho.pt/noticias.php?id=48374

domingo, maio 22, 2011

"VIII Congreso sobre Desarrollo Sostenible y Población"

«El próximo día 8 de junio empieza el VIII Congreso Internacional eumed●net sobre Desarrollo Sostenible y Población. Es un Congreso que se realiza íntegramente a través de Internet y está abierto a la participación de cualquier persona interesada.

Todavía está a tiempo para inscribirse. Vea más información en


Para inscribirse en este o en otros futuros congresos, visite la página:


Puede pedir las actas de nuestros congresos pasados a través de la siguiente página


(reprodução parcial de mensagem que me caiu entretanto na caixa de correio electrónico, proveniente da entidade identificada)

domingo, maio 15, 2011

[REDES] Publicação do Vol. 16, No 1 (2011)

«Caros leitores,

A Revista REDES acaba de publicar seu novo número em

Convidamos todos a navegar no sumário da revista para acessar os artigos e itens de interesse.

Agradecemos seu interesse em nosso trabalho,

Profª. Drª. Virginia Elisabeta Etges
Prof. Dr. Silvio Cezar Arend
Editores

Milena Voese Ferreira
Grasiela da Conceição
Assistentes Editoriais
Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC

Redes
Vol. 16, No 1 (2011)
Sumário

(reprodução parcial de mensagem, com a origem identificada, que me caiu entretanto na caixa de correio electrónico)

quarta-feira, maio 04, 2011

"Iberian Conference on Mobility and Social Exclusion"

«Exmos. Srs.,
Passamos a divulgar a Conferência que ir-se-á realizar no Campus de Azurém no próximo dia 19 de Maio de 2011:

Iberian Conference on Mobility and Social Exclusion

Tem lugar no próximo dia 19 de Maio de 2011 pelas 9h30m no Campus de Azurém, Anfiteatro B1.17 a Iberian Conference on Mobility and Social Exclusion.

Resumo da Conferência:
A exclusão social é um fenómeno multidimensional onde as políticas de transporte têm um papel importante. A relação entre a pobreza e os transportes inicia-se com a acessibilidade, uma vez que a exclusão social não deriva da falta de oportunidades mas sim da limitação no acesso, onde a distância assume um papel relevante quando os custos e o tempo são factores determinantes. A acessibilidade aos serviços de transporte públicos promove em primeira instância a inclusão social.

Assim, procura-se com a realização desta conferência debater questões centrais, à escala da Península Ibérica e à escala local, sobre o papel da acessibilidade aos transportes colectivos, a geografia da exclusão social e as alternativas para a inclusão.

[...]

Público-alvo: Técnicos e autarcas com responsabilidade na área de planeamento social e dos transportes, Associações, Operadores de transportes, Professores, Investigadores, Estudantes. Inscrições abertas até dia 13 de Maio: 5€ estudantes; 10€ outros participantes; Sócios Geoplanum Entrada Gratuita.

Inscrições: Enviar ficha de inscrição (encontra-se em anexo) digitalizada para sec@geografia.uminho.pt, ou por correio para Universidade do Minho, N.I.G.P., Departamento de Geografia, Campus de Azurém, 4800-058 Guimarães

Contactos: Fax - 253510569; Telefone: 253510560

Comissão Organizadora: Paula Remoaldo (I.C.S. U.M), Vítor Ribeiro (I.C.S. U.M), Ana Francisco Azevedo (I.C.S. U.M), o Departamento de Geografia da Universidade do Minho em colaboração com a GEOPLANUM (Associação de Estudantes de Geografia e Planeamento U.M.), o Núcleo de Investigação e Planeamento em Geografia (N.I.G.P) e o Centro de Investigação em Ciências Sociais (C.I.C.S.) organizam a Iberian Conference on Mobility and Social Exclusion, dia 19 de Maio de 2011 pelas 09h30, Campus de Azurém.

Ângela Matos
Secretária»

(reprodução parcial do corpo principal de mensagem com a proveniência identificada que me caiu ontem na caixa de correio electrónico)

segunda-feira, maio 02, 2011

O FMI chegou! E Agora?

«Não é o bicho Papão, mas assusta e dá que falar. O FMI volta a Portugal pela terceira vez desde 1960, ano em que Portugal aderiu ao Fundo Monetário Internacional. O que mudou desde a primeira intervenção? E o que o Minho pode esperar desta nova visita?

O FMI chegou! E Agora?

A iminência da entrada dos agentes do Fundo Monetário Internacional em Portugal criou um clima de medo e suspense em relação ao futuro económico do nosso país. Em anteriores visitas ao território nacional, 1977 e 1983, o FMI arrasou salários e aumentou impostos. Nesta sequela de ajuda externa - FMI parte III, prevê-se a implementação de um rol de políticas recessivas, “que vão aprofundar a crise existente e, provavelmente, arrastarão novas situações de desemprego e de redução dos abonos sociais. Na medida em que, à partida, o Minho tem fragilidades importantes em matéria de emprego e bem-estar social, as perspectivas para este território no horizonte temporal próximo não são favoráveis”, adianta José Cadima Ribeiro, Professor Catedrático na Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho.

No início de 2011, a taxa de desemprego nacional fixava-se em valores que rondavam os 11,2 %, enquanto que, de acordo com o relatório da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, a taxa de desemprego global na região Norte se situava nos 12,7%. Com uma número de desempregados galopante, o poder de compra caminha em sentido inverso, uma situação que compromete indirectamente as áreas do “comércio, serviços e o sector industrial orientado para o mercado interno”.

“A situação social no Minho é preocupante. Já temos uma taxa de desemprego elevada e as políticas que estão no terreno - e que o FMI vai defender - são recessivas”, afirma o professor.

O Regresso às origens

“É preciso continuar a olhar para a agricultura” até porque se trata de “um sector que pode criar mais emprego”, defendeu João Machado, presidente da Confederação de Agricultores de Portugal, momentos antes de reunir com a Troika do FMI, BCE e Comissão Europeia, no passado dia 20 de Abril, acrescentando que “Portugal só tem uma saída: produzir mais”.

A região do Minho caracteriza-se por uma geografia onde predomina o minifúndio, o que propícia a pluriactividade dos respectivos habitantes, habituados desde cedo à produção agrícola de subsistência, em complemento dos salários que ganham na indústria ou serviços. Apesar de “esquecidas” durante as últimas décadas, as “hortinhas” poderão, nos tempos vindouros, ser “uma resposta imediata para satisfazer parte das necessidades alimentares das famílias e até como fonte adicional de receita”.

Em momento de recessão e estagnação económica nacional, ecoam algumas teorias de resgate da produção agrícola como modo de combate à crise. “Uma parte do desequilíbrio externo e da dívida do país têm a ver com a importação de bens agrícolas que deixaram de ser produzidos ou são-no em montante suficiente. Por isso, há aí uma reserva de recursos e de capacidade produtiva e de abastecimento do mercado interno que se pode ir buscar. Mas ter a ideia que está aí a solução milagrosa para a dívida é errado. Pode, no entanto, ser um contributo para diminuir a dependência externa, à semelhança do contributo que estão a dar as energias alternativas no que ao abastecimento energético do país se refere”, destaca José Cadima Ribeiro.

Quando o mercado interno apresenta fortes restrições e fraca perspectiva de retorno económico, a aposta em sectores dependentes do exterior ganha maior expressão e, por isso, o turismo afigura-se como um sector de futuro. “Portugal tem uma inquestionável vocação para o turismo e dispõe de vastos recursos turísticos que pode aproveitar de uma forma muito mais consistente, tirando daí importantes vantagens a nível económico. Há um grande potencial turístico e há espaço para apostas turísticas muito diversificadas” destaca o docente. No entanto, quando se discutem medidas como a redução do IVA de 23% para 6%, no caso da prática do golfe, sob o argumento de garantir a competitividade do país em relação ao estrangeiro, José Cadima Ribeiro adverte para o estigma de favorecimento das elites que tal política pode gerar, quando o período é de contenção e restrição geral. “Esse produto é razoavelmente elitista e, num contexto de grande dificuldade percebida, fazer isso é dar um sinal que os esforços que estão a ser pedidos não são partilhados equilibradamente”, afirma.

“As medidas que estão a ser tomadas centram-se nos efeitos, nos elementos mais visíveis e não atacam os problemas na origem, não actuam a nível estrutural”

Adiantam-se prenúncios de redução dos abonos, aumento da carga fiscal e até redução dos encargos das empresas empregadoras no que respeita a despedimentos. “A meu ver, adoptou-se um modelo de gestão da economia errado e que levou ao contexto de estagnação e marasmo económico que o país vive, não só neste ano mas já desde 2001. As medidas que estão a ser tomadas centram-se nos efeitos, nos elementos mais visíveis e não atacam os problemas na origem, não actuam a nível estrutural: Portugal está sem projecto de desenvolvimento económico praticamente desde o ano 2000 - se é que o tinha antes - e sem uma administração competente, vivendo de uma gestão casuística que anda atrás dos votos e atrás das modas”, sublinha José Cadima Ribeiro.

Com a entrada em cena dos cortes orçamentais e outras “politicas recessivas”, sentenciam-se alguns dos valores fundamentais de um Estado Social. Parte-se de uma realidade de desequilíbrio financeiro, onde a procura do equilíbrio assenta no reajustamento das contas públicas e prestações sociais. “Estamos a comprometer as componentes sociais que estão associadas ao modelo social europeu e estamos a ficar reféns de estratégias de crescimento adoptadas noutros lugares onde as preocupações sociais e a estrutura do mercado-de-trabalho nada têm que ver com a realidade que vivemos e que, em boa verdade, não são modelos recomendáveis por si só”, acrescenta o docente.

O caminho para o desenvolvimento da economia portuguesa afigura-se tumultuoso e “não se espera que o FMI seja a resposta”, mas fica a expectativa de que se sanem alguns vícios de consumo desajustado por parte dos portugueses. “Com muito custo, esta fase vai trazer alguns elementos de aprendizagem; espera-se um amadurecimento da sociedade portuguesa”, conclui José Cadima Ribeiro.»

(reprodução de texto publicado na edição de hoje da Revista SIM)

domingo, maio 01, 2011

Portugal, um país de disparidades regionais!!!

Uma região pode ser entendida no seu sentido orgânico ou funcional, mas entendendo-se sempre como uma comunidade de agentes e indivíduos que comungam actividades, com uma visão de desenvolvimento própria e da comunidade da qual faz parte. É mais do que uma fronteira, governo regional ou unidades estatísticas para gerir fundos que, num contexto de definição de recursos e identidades não deixam de ser artificiais. Portugal é um país de contraste e diversidade nos vários contextos físico e humano, contudo sempre com uma grande identidade unitária como país, no entanto no âmbito do desenvolvimento regional os contrastes tendem a tornar-se patentes.
O processo e ritmo do desenvolvimento não são homogéneos em todo o território português, registando-se mesmo fortes disparidades regionais. Num contexto alargado, Portugal tem quatro das dez regiões mais pobres da União Europeia (UE), tendo mesmo o maior número de regiões desta natureza, no espaço comunitário, nomeadamente os Açores, Alentejo e regiões Centro e Norte. Tem ainda outras quatro regiões consideradas como objectivo 1, ou seja, com um nível de riqueza inferior a 75% da média comunitária. Na UE existem actualmente 48 regiões abaixo do limiar de 75% da média de riqueza comunitária, o que corresponde a 68 milhões de habitantes (18% do total) (Agro Portal; 2003), sendo sobre estas que deve surgir um maior enfoque sobretudo político, já existente com a política regional de coesão e solidariedade da EU.
As desigualdades regionais são o resultado de uma multiplicidade de factores, nomeadamente, desvantagens decorrentes do isolamento geográfico, mutações sociais e económicas mais recentes ou uma conjugação de ambos os factores. O impacto destas desvantagens manifesta-se frequentemente na exclusão social, na má qualidade do sistema de ensino, em níveis de desemprego elevados e em infra-estruturas obsoletas (EU; 2011). A divisão do território em Unidades Espaciais torna-se necessária para uma melhor análise e comparação, as NUTS II são unidades de grande dimensão e apresentam a desvantagem de poderem ser internamente heterogéneas, combinando áreas de aglomeração e dispersão de população e actividades. Isto verifica-se em Portugal nas regiões Norte e Centro, com uma clivagem interna entre Litoral e Interior. As regiões NUT III são mais homogéneas contudo muito influenciáveis pela envolvente. Uma análise interna do desempenho regional do país mostra, através do Índice Sintético de Desenvolvimento Regional (ISDR) onde são abordadas as vertentes competitividade, coesão e qualidade ambiental, que, em 2007, penas quatro sub-regiões superavam a média nacional, onde a Grande Lisboa se demarca no conjunto. A competitividade e coesão apresentam uma correlação positiva com o desenvolvimento global ao contrário do aspecto ambiental que tem um papel secundário e normalmente com uma representatividade territorial contrária. O país torna-se claramente inclinado para o Litoral nos diversos aspectos que promovem o desenvolvimento. Das 30 sub-regiões NUT III existentes, as cinco com um Índice de Competitividade superior á média, em 2007, localizam-se na faixa Litoral continental, a Sul, a Grande Lisboa e o Alentejo Litoral, no Centro, o Baixo Vouga e, a Norte, o Grande Porto e o Ave, dando a imagem de um território marcado por um espaço contínuo na faixa Litoral. Esta análise permite entender as dinâmicas dos territórios em determinado momento e a partir daí, estabelecer e desenvolver estratégias e politicas orientadoras, que na sua maioria estão nos territórios onde as duas componentes (competitividades e coesão) estão penalizadas, ou seja, abaixo da média. A afirmação inicial sai reforçada evidenciando que no território pesa o seu desenvolvimento e que, crescendo no sentido de região deveria entender-se o território como um todo, sabendo que estratégias de parceria entre territórios vizinhos são imperiosas para construir um desenvolvimento mais equilibrado.

Patrícia Gomes

Bibliografia
Agro Portal; Portugal tem quatro das dez regiões mais pobres da União Europeia; Agro Portal; 2003; acedido em http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2003/01/31e.htm - consultado a 22 de Março de 2011
Europa – O Portal da União Europeia (UE); Política Regional; 2011; acedido em http://europa.eu/pol/reg/index_pt.htm - consultado a 29 de Abril de 2011
Índice Sintético de Desenvolvimento Regional (ISDR); Instituto Nacional de Estatística, IP (INE) – destaque, informação á comunicação social; 2007

(artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular "Economia e Política Regional" do Mestrado em Geografia, do ICS/UMinho)

"Há espaço para apostas turísticas muito diversificadas"

“Portugal tem uma inquestionável vocação para o turismo e dispõe de vastos recursos turísticos que pode aproveitar de uma forma muito mais consistente, tirando daí importantes vantagens a nível económico. Há um grande potencial turístico e há espaço para apostas turísticas muito diversificadas”.

J. Cadima Ribeiro

Comentário: para tirar partido do potencial turístico que se invoca, Portugal precisa, no entanto, de rever a estrutura turístico-promocional que não há muito tempo foi (mal) posta no terreno e olhar para a estruturação da oferta e da organização turística a partir dos produtos que tem e não dos grupos de interesses próximos do poder e das clientelas político-partidárias.