segunda-feira, dezembro 20, 2010

A necessiade de criar infra-estruturas para um desenvolvimento sustentável

Portugal é um país que, embora tenha muitos recursos que poderiam ser aproveitados, apresenta fortes disparidades entre as diferentes regiões que o constituem. De facto, o litoral português apresenta uma forte densidade de população, assim como um dinamismo que não encontramos no interior do país, muito pelo contrário, o interior do país continua a ser muito rural e em declínio, que tenta constantemente lutar contra o êxodo rural, o envelhecimento da população e a falta de actividades económicas dinâmicas.
Segundo o índice de marginalidade funcional, o interior tem valores muito elevados de marginalidade funcional, o que significa que é complicado para a população aceder a todos os bens e serviços que necessita, pois este índice, tem em conta a distância que é necessária percorrer para ter acesso a um total de 117 bens e serviços, bem como o grau de especialização dos bens e serviços.
Embora Portugal tenha vindo a fazer progressos notáveis na criação de infra-estruturas, estas não têm sido distribuídas equitativamente pelo território nacional. De facto, o litoral urbano usufruiu da concentração de investimentos anteriores nestas zonas. Talvez fosse oportuno, que o país criasse mais infra-estruturas horizontalmente, para que todas as regiões tenham acesso a estas. Recentemente, para tentar combater este problema, o país decidiu criar mais infra-estruturas, o projecto RAVE, consiste em criar um comboio de alta velocidade, que ligue o país ao resto da Europa. No entanto, mais uma vez, a ligação prioritária, situa-se sobretudo no litoral do país, embora também passe em Évora. Em vez de estarmos preocupados em ligar-nos à Europa, devíamos acima de tudo, unir o país entre si.
Do meu ponto de vista, seria muito mais importante criar infra-estruturas no interior do país, em vez de investir em projectos demasiado ambiciosos e dispendiosos como o projecto RAVE. A criação de infra-estruturas no centro do país poderia até diminuir o êxodo rural e criar empregos, desenvolver a sua agricultura que está em declínio, de maneira a que esta região deixasse de ser tão rural. Poderia até, vir a ser uma importante zona de turismo rural, se tiver potencial, modalidade que é cada vez mais procurada pelos turistas, no entanto, se for uma zona inacessível, ninguém pode usufruir do eventual potencial da região. Poderia evitar que se fechassem constantemente escolas e centros de saúde, e evitar que a população necessitasse de ir à cidade vizinha para usufruir de bens de primeira necessidade. O país precisa de criar certas medidas para juntar as diferentes regiões, em vez de estar, de certa forma, a afastá-las, deveria criar medidas de reestruturação para conjugar os esforços e as prestações de serviços públicos.
Por exemplo, a cidade de Viseu, há uns anos atrás era quase desconhecida e esquecida como muitas outras em Portugal. Depois da criação do itinerário principal n°5 IP5 (que corresponde hoje em dia à A24), passou a ser uma cidade em pleno desenvolvimento e em plena ascensão demográfica, para ser cada vez menos "interior", cada vez mais próxima do desenvolvimento de um centro "litoral”. Segundo um estudo da DECO, a cidade de Viseu foi considerada, em 2007, a melhor cidade portuguesa para se viver e a 17° internacionalmente, com um índice de qualidade de vida de 59,86%. Este estudo foi baseado numa série de dados, tais como, o emprego, a segurança, o combate à criminalidade, o acesso a cuidados de saúde e a habitação. De facto a região de Viseu, mostra que por vezes basta ligar as regiões entre si para que estas passem a ter uma importância acrescida no país.

Sandra Santos

[Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3º ano do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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