segunda-feira, dezembro 13, 2010

´Clusterização` da Economia

A sociedade do conhecimento e a evolução das novas tecnologias incentivaram a criação de redes e uma maior aproximação entre diversas entidades. Quando a partilha de informação e conhecimento tem intensidade desigual e superior à norma pode-se então falar de clusters. A OCDE define cluster como uma rede de produção de empresas fortemente interdependentes incluindo fornecedores especializados, ligados a uma cadeia de valor acrescentado que pode integrar alianças entre empresas e universidades, institutos de investigação, serviços intensivos em conhecimento, agentes de interface e os clientes.
Portugal está muito dependente de sectores ligados a recursos naturais e procura apostar no conhecimento e nas parcerias entre instituições de modo a incentivar a inovação.
O cluster Têxtil, essencialmente localizado no Norte Litoral apresenta uma configuração essencialmente extensiva, sem fornecedores de máquinas e tecnologia específica, sem fornecedores de materiais – nomeadamente de fibras químicas e corantes – e com um desenvolvimento ainda limitado de competências de design.
O cluster Couro, também concentrado no Norte e Centro Litoral, apresentou na
década de 90 duas características principais: a sua actividade principal – o fabrico de calçado – apresentou um forte crescimento da exportação, mantendo-se centrado num segmento – o calçado de couro; concretizou-se um processo exemplar de cooperação empresarial, dinamizado pelo Centro Tecnológico, no sentido do aprofundamento e densificação do cluster, em torno da endogeneização de novas tecnologias de fabrico e de novos modos de organização.
No seio do macro-cluster habitat importa destacar, pelo peso que têm na economia nacional, três componentes ou clusters constituintes, respectivamente, os da madeira, papel e cortiça.
O cluster Plásticos, Equipamentos e Automóvel apresenta na região Norte e Centro Litoral os seguintes componentes principais: um núcleo central constituído por empresas que simultaneamente são grandes produtoras de moldes e de plásticos técnicos, destinados sobretudo ao sector automóvel; uma coroa de produtores especializados de moldes para plásticos; uma coroa de fabricantes de produtos em plástico ou borracha, para os seguintes sectores/clientes: automóvel, embalagem, equipamentos médicos e utilizações hospitalares, um grupo de fornecedores especializados da indústria de moldes, um grupo de primeiros transformadores dos plásticos que fornecem o resto do cluster, ou outros sectores, com chapas, perfis ou tubos ou com espumas sintéticas.
O cluster Equipamentos no Norte e Centro Litoral tem quatro vertentes principais – uma orientada para as máquinas eléctricas; outra para os equipamentos específicos para indústrias ou para utilizações domésticas; uma terceira para os aparelhos de medida e automação e robótica e uma quarta para aparelhagem eléctrica de baixa tensão – e um ponto de apoio comum num sector de fundições de ferro e alumínio – algumas das quais são também fornecedoras do cluster Automóvel.
Deveriamos investir para divulgar produtos tradicionais portugueses em: acções comerciais e de marketing, bem preparadas e sustentadas a nível técnico e humano, são muito esporádicas e residuais, não se desenvolvendo de forma articulada e associada de modo a chegarem expedita e incisivamente aos mercados; é necessário continuar a desenvolver um conjunto de políticas comerciais e de marketing que permitam a valorização deste produtos, segundo uma lógica de diferenciação e posicionamento de mercado pela qualidade; é importante aproveitar a dinâmica de mudança de atitudes dos consumidores na Europa, sobretudo uma maior sensibilidade para os riscos alimentares.
A introdução de doutores nas empresas, a especialização em áreas de elevado potencial – nomeadamente na saúde e energia -, o reforço dos laboratórios nacionais e a internacionalização das universidades portuguesas têm contribuído para a melhoria da produtividade e competitividade de muitos sectores que são agora motores da fileira exportadora nacional e para aumentar o potencial de crescimento da economia, nomeadamente pela melhoria da incorporação de tecnologia e inovação, criação de marcas e pelas medidas de enquadramento do ambiente de negócios e redução de custos de contexto e por um melhor aproveitamento dos recursos naturais. Esta estratégia será reforçada com medidas de eficiência colectiva estabelecidas na criação de clusters e pólos de competitividade que agrupam empresas exportadoras estimulando estratégias de cooperação e de sinergias quer ao nível da inovação e capacitação quer no esforço de internacionalização.

Joana Ferreira Gonçalves

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia Regional” do 3º ano do Curso de Economia (1º ciclo) da EEG/UMinho]

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