sábado, abril 19, 2008

"A centralização de procedimentos e de decisões é um absurdo"

«Capital portuguesa é maior do que Xangai e Madrid
Se um extra-terrestre aterrasse de repente no mundo, o que veria durante o dia seriam montes e vales, cidades, montanhas e oceanos. Mas à noite, "o que veria não eram cidades nem países, mas sim um conjunto de regiões produtivas que não se enquadram no nosso conceito de regiões ou fronteiras administrativas".
Para olhar para este novo mundo, Richard Florida (ver perfil) usa um modelo baseado na quantidade de luz que se pode ver do espaço em determinado território, que é depois compensado com indicadores oficiais para determinadas regiões.
Assim se explica que a mega-região de Lisboa, que ocupa a 34ª posição à frente de megaregiões como Xangai, Madrid ou Berlim, Singapura ou Banguecoque, comece em Setúbal e se estenda pelo litoral até ao norte da Galiza.
O conceito, muito comentada nos Estados Unidos, mas ainda pouco difundido na Europa, é da autoria de Richard Florida, um guru do desenvolvimento territorial e da economia das cidades.
Numa curta passagem por Lisboa, a convite da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e da Ordem dos Economistas, o economista explicou ao Diário Económico que "a centralização de procedimentos e de decisões é um absurdo". Porquê? Florida dá exemplos: "o que aconteceu com a Google, a Microsoft ou a Toyota, no Japão, foi que olharam para as pessoas e perceberam que ter um chefe a mandar e muitos trabalhadores a obedecer era muito pior que ter um chefe a comandar e muitos trabalhadores a pensar, a criar, a inovar".
Florida analisa a relação entre a população e o desenvolvimento económico, e conclui que "as pessoas que se exprimem livremente e que são elas próprias na vida diária são as que mais conseguem criar e inovar, e são, por isso, as que mais trazem mais valor para as empresas". Esta mudança, diz, "está ao nível da importância da revolução industrial", defende o autor, que sublinha que "o crescimento económico passa pela capacidade dos países expandirem a criatividade de cada um a toda a sociedade".»
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(reprodução integral de notícia, datada de 08/04/18 e assinada por Mário Baptista, publicada pelo Diário Económico)

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