sexta-feira, outubro 27, 2006

Novos problemas de localização

"Numa síntese da literatura acerca dos factores de localização das actividades high tech, DELAPLACE (1993) identifica um conjunto de 21 factores cuja presença (ou ausência) contribuiria para a formação de complexos tecnológicos.
De um modo geral, o impulso inicial à formação destes espaços é da responsabilidade de universidades, centros de investigação ou entidades públicas. Esta aposta viabiliza, mais tarde, a atracção e/ou manutenção de mão de obra qualificada, a criação de um clima empresarial profícuo, a concepção de redes de comunicação que facilitam a troca de informações e o desenvolvimento das sociedades de capital risco para apoio aos projectos empresariais inovadores."
J. Cadima Ribeiro; e
J. Freitas Santos
(extractos de texto de capítulo relativo a " A localização da indústria", constante da obra colectiva Compêndio de Economia Regional, José da Silva Costa [Org.], APDR, Coimbra, 2ª Edição, 2005

sábado, outubro 21, 2006

O modelo de equilíbrio espacial: Lösch

"A teoria de August Lösch distingue-se, de igual modo, radicalmente da abordagem de Weber, na medida em que presta especial atenção à definição das áreas de mercado e o móbil da escolha da localização é a maximização do lucro.
As hipóteses do seu modelo são as seguintes:
i) o mercado é um plano homogéneo ao longo do qual os consumidores se distribuem de forma equilibrada (a densidade populacional é uniforme);
ii) não são admitidas variações na distribuição espacial das matérias-primas, do trabalho e do capital;
iii) as preferências dos consumidores são consideradas constantes e os seus rendimentos idênticos;
iv) não é admitida a interdependência locativa entre as empresas;
v) os custos de transporte são proporcionais à distância a percorrer;
vi) os consumidores e produtores têm um conhecimento perfeito do mercado e maximizam, respectivamente, a utilidade e os lucros."

J. Cadima Ribeiro; e
J. Freitas Santos

(extractos de texto de capítulo relativo a " A localização da indústria", constante da obra colectiva Compêndio de Economia Regional, José da Silva Costa [Org.], APDR, Coimbra, 2ª Edição, 2005)

E nós a vê-los passar

«Porto-Vigo deverá passar por Braga em 2015A ligação ferroviária Porto-Vigo em alta velocidade vai ser feita em linhas com bitola ibérica e deverá passar por Braga em 2015, revelou ontem o ministro das Obras Públicas. Segundo Mário Linho, que falava em Lisboa num almoço da Câmara de Comércio Luso-Espanhola, a linha de Vigo até à fronteira, do lado espanhol, deverá estar concluída em 2011. O responsável - que não indicou datas para a ligação do Porto a Braga - sublinhou, contudo, que a calendarização e traçados definitivos estão em estudo. Por decidir está também se a linha será apenas de mercadorias, ou também de passageiros (mista).
Os estudos, disse, "parecem indicar" que a ligação do lado português será via Braga, estando a primeira fase concluída em 2015, devendo a calendarização e traçados definitivos ser fechados na Cimeira Ibérica, que decorre em Badajoz até ao fim do ano.
Em declarações aos jornalistas à margem do almoço, Lino explicou que a opção pela bitola ibérica se deve ao facto de Espanha ter decidido avançar nestes moldes, mas que está previsto fazer, depois, a migração de bitola. A ligação do Porto ao resto da Europa por esta linha não deverá acontecer antes de 2020, pois o plano ferroviário espanhol não prevê até lá qualquer linha entre a cidade galega e o resto da rede de alta velocidade para a Europa.
Braga e Barcelos "concorriam" na passagem desta linha. No passado dia 4, o "Diário do Minho", citando fonte não identificada da Rede de Alta Velocidade, revelava que a estação intermédia seria em Braga. A mesma fonte dizia que a localização da estação estava "em estudo", mas que deveria ficar o mais próximo possível da cidade, admitindo-se a hipótese de aproveitar a actual estação ferroviária, inaugurada em 2004 para o Campeonato Europeu de Futebol.»

Ricardo David Lopes

(notícia do Jornal de Notícias, de 2006-10-19)

Comentário: eis mais um exemplo de texto para ocupar espaço de jornal e, sobretudo, fazer de conta que se está a fazer alguma coisa (o governo, digo) neste dossiê. Serve também para contrariar a ideia instalada na mente de alguns que o Campeonato Europeu de Futebol não foi evento útil. No que se refere ao Minho, pelo menos, o evento ainda continua a render.

sexta-feira, outubro 13, 2006

A minimização dos custos de transporte: o modelo de Alfred Weber

A abordagem da localização sob o prisma da minimização dos custos remonta a Alfred Weber e ao início do século XX (1909).

Este autor sugeria então que haveria três factores que determinariam a localização da empresa industrial:
i) o custo de transporte;
ii) os custos do trabalho; e
iii) as vantagens associadas à aglomeração (economias de aglomeração).
José Cadima Ribeiro; e
José Freitas Santos
(extractos de texto de capítulo relativo a " A localização da indústria", constante da obra colectiva Compêndio de Economia Regional, José da Silva Costa [Org.], APDR, Coimbra, 2ª Edição, 2005)

domingo, outubro 08, 2006

A localização da indústria

"A teoria aproxima a localização da empresa industrial através de três abordagens distintas: duas mais centradas na oferta, onde sobrelevam a minimização dos custos e a maximização do lucro; a outra, orientada para a procura, analisa as áreas de mercado da empresa."
/.../
"Do que fica dito, pode-se depreender a forma como diferentes aproximações teóricas acomodam a problemática da localização da empresa. Contudo, ao nível internacional, é pertinente notar que a investigação foi sobretudo realizada nas áreas da economia industrial e da gestão internacional, enquanto que a investigação de base local e regional poucos esforços desenvolveu no sentido de enfatizar as diferenças de comportamento locacional entre a empresa doméstica e a estrangeira. "

José Cadima Ribeiro; e
José Freitas Santos

(extractos de texto de capítulo relativo a " A localização da indústria", constante da obra colectiva Compêndio de Economia Regional, José da Silva Costa [Org.], APDR, Coimbra, 2ª Edição, 2005)

quarta-feira, outubro 04, 2006

Braga é uma das cidades menos competitivas entre todas as capitais de distrito

«Braga é uma das cidades menos competitivas entre todas as capitais de distrito de Portugal continental, num “ranking” em que é acompanhada no fundo da tabela por cidades como Setúbal, Faro, Viana do Castelo e o Porto, considerada a menos competitiva, em contraponto com Évora, a mais competitiva, que é seguida por Lisboa, Coimbra, Beja e Leiria. No geral, Braga soma quatro pontos contra 7,29 de Évora, numa escala de 0 a 10.
O estudo foi elaborado em co-autoria por Paulo Mourão, professor do Departamento de Economia da Universidade do Minho, e pelo economista Júlio Miguel Barbosa, e aplicou às capitais de distrito portuguesas o mesmo método que o Fórum Económico Mundial utiliza para elaborar anualmente o ‘ranking’ da competitividade mundial.
Para compor o Índice de Competitividade das Cidades Capitais de Distrito (ICC), os autores utilizaram quatro sub-índices, que medem a competitividade laboral, empresarial, demográfica e de conforto e basearam os cálculos no Atlas das Cidades de Portugal, publicado pelo Instituto Nacional de Estatística em 2002.
O trabalho permitiu concluir que o desenvolvimento económico destas cidades em termos de Produto Interno Bruto (PIB) "não é premissa" para um ICC elevado, pois "o que está aqui em análise não é o nível de riqueza, mas as oportunidades de crescimento e de expansão de recursos", explicou ao DM Paulo Mourão, considerando que a cidade de Braga evidencia "pontos de saturação de crescimento", face a outras que apresentam ainda muitos recursos inexplorados. Porto (18.º), Faro (16.º) e Braga (15.º) contrastam, assim, com Évora (1.º), Beja (4.º) e Castelo Branco (6.º), o que, segundo o estudo, permite provar que as disparidades tradicionais ao nível do desenvolvimento económico podem ser esbatidas por melhorias actuais do nível de competitividade dos espaços historicamente menos reconhecidos, como é o caso do “interior” português.
Os autores notam os valores «extremamente modestos de cidades historicamente relevantes», como o Porto, Braga e Faro e explicam-nos com "perdas sucessivas de competitividade devidas sobretudo às variantes taxa de mortalidade infantil, esperança média de vida e alojamentos familiares vagos".»


(extracto de notícia, intitulada “Estudo da Universidade do Minho aponta Évora como a mais competitiva", publicada no Diário do Minho, em 2006-10-01)